Soja e milho são os mais cultivados com uso da agricultura de precisão, aponta Embrapa

O perfil dos proprietários e administradores de propriedades rurais que adotam a agricultura de precisão é jovem, instruído, propenso a utilizar mais tecnologias e informática, além de cultivar grandes extensões de terras. Essa foi uma das principais constatações de uma pesquisa realizada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) a partir de seminários promovidos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).

O Senar, que mantém um programa de agricultura de precisão, realizou seminários sobre o tema em algumas regiões brasileiras e a Embrapa aplicou questionários aos participantes desses eventos entre setembro e novembro de 2012, nos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Paraná, Piauí, Maranhão, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás.

O levantamento, que selecionou 301 questionários para análise, indicou também que a soja e o milho são as principais culturas cultivadas com ferramentas de agricultura de precisão, seguidas pelo trigo e feijão. As propriedades que adotam essa modalidade de produção têm equipamentos, mas são subutilizados. Os sistemas de navegação (barra de luz e piloto automático) e para aplicação de insumos a taxas variadas são os equipamentos mais frequentes nas propriedades.

As principais atividades em que a agricultura de precisão está presente são na aplicação de corretivos do solo e na colheita. A pesquisa também mostrou que existe a percepção de que a adoção da modalidade pode aumentar a produtividade, o retorno econômico, a qualidade do produto, além de reduzir o impacto ambiental negativo.

Ricardo Inamasu, coordenador da rede de pesquisa de agricultura de precisão da Embrapa, um projeto que está sendo finalizado e apresentado nesta semana, disse que a pesquisa surpreendeu pelo fato de que muitos produtores têm a percepção incorreta sobre a prática.

Conforme Inamasu, muitos entendem por agricultura de precisão o uso de equipamentos muitos sofisticados e máquinas de grande porte. Entretanto, o pesquisador explica que a agricultura de precisão é a gestão das variabilidades espaciais que existem nas propriedades rurais — os diferentes tipos de solos em uma fazenda que geram rendimentos agrícolas diversos em uma mesma propriedade — para garantir maior retorno ao produtor rural e reduzir o impacto ao meio ambiente.

As máquinas são apenas ferramentas que ajudam a obter os melhores resultados, observa o pesquisador.

“Em apenas 20% de uma área, o produtor consegue vender o produto pelo dobro do preço e, dependendo das condições de mercado, pode dobrar sua lucratividade”, diz Inamasu.

Inamasu acrescenta ainda que cerca de 15% a 20% dos produtores que responderam aos questionários para o levantamento estimam que vão aplicar a agricultura de precisão, em um prazo de quatro a cinco anos.

Patrícia Machado Gomes, coordenadora da área de programas e projetos especiais do Senar, afirma que é preciso disseminar os conceitos da agricultura de precisão entre os produtores e “desmitificar” o assunto.

Fonte: Valor Econômico

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