Soja: demanda chinesa ainda não chegou com força

As cotações da soja registraram ontem (11/7) um dia de comportamentos mistos no mercado físico brasileiro, com o dólar voltando a subir e Chicago despencando. Segundo os índices do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), o preço de exportação subiu 0,75%, embora o do mercado interno tenha fechado o dia em baixa de 0,49%.

Segundo o analista Luiz Fernando Pacheco, da T&F Consultoria Agroeconômica, ainda não chegou com força a demanda chinesa pela soja, que deveria se voltar mais agressivamente para o Brasil pela guerra comercial com os Estados Unidos. As compras asiáticas compensariam, com o aumento dos prêmios, as quedas das cotações da Bolsa de Chicago: “Mas isso ainda não aconteceu”, reforçou o consultor.

A queda das cotações de Chicago entre 10 de abril (US$ 10,59/bushel) e 11 de julho (US$ 8,35/bushel) foi de US$ 2,24/bushel ou US$ 75,00/tonelada. No mesmo período, os prêmios da soja brasileira passaram de US$ 1,50/bushel para US$ 2,36/bushel em Paranaguá, com aumento de US$ 0,86/bushel ou US$ 29,00/tonelada. Em Rio Grande, o aumento dos prêmios foi de US$ 1,57/bushel para US$ 2,25/bushel, com incremento de US$ 0,68/bushel ou de US$ 22,00/tonelada.

“Como se percebe, a alta dos prêmios nos principais portos brasileiros não compensou de forma adequada, ainda, a enorme queda de Chicago. Mesmo assim, os preços da soja brasileira no interior voltaram aos níveis próximos a R$ 80,00, mas, devido à forte alta do dólar, que passou de R$ 3,40 em abril para R$ 3,90 na semana passada e hoje a R$ 3,88”, disse Pacheco.

No entender da T&F Agroeconômica, estes patamares deverão permanecer, com leves oscilações até o final do ano, mas não terão a mesma lucratividade de agora, devido aos custos de armazenagem e às perdas financeiras do período. Isto significa que R$ 80,00 hoje dá mais lucros que R$ 92,00 em dezembro.

“Além disso, não vemos grandes motivos para uma alta daqui para frente. Se bem que os preços, conforme foi dito, deverão permanecer altos, diante da boa demanda da China e do dólar, que deve continuar nos patamares próximos aos atuais, até o final da eleição”, disse o analista da T&F. “Por isso, nossa recomendação agora continua sendo de venda, e quem seguiu nossa recomendação em abril e maio tem lucro maior ainda”.

Mercado do milho segue travado no Brasil

O mercado do milho no Brasil continua muito lento, com compradores abastecidos por algumas semanas e vendedores sem vontade de vender. Segundo Pacheco, isso ocorre porque os preços caíram e porque podem guardar a safra por estarem capitalizados com a soja.

“O milho comercializado antes da colheita, em sua maioria do Centro-Oeste do País, começa a chegar aos destinos, dentro e fora dos respectivos estados, tornando a posição dos compradores ainda mais confortável e ajudando a pressionar os preços para baixo”, disse o analista.

“Também a exportação se tornou mais ativa, com bons volumes sendo comercializados no interior do Centro-Oeste, embora os preços não sejam realmente altos, estando ao redor de R$ 30,00 no interior”.

No Centro-Oeste e no Estado de Minas Gerais (região de Patos de Minas), o preço permaneceu inalterado nesta semana em R$ 27,00/saca, mas caiu 18,18% em relação a um mês atrás. No Mato Grosso do Sul o preço caiu 8% em relação ao dia anterior em Chapadão do Sul, para R$ 23,00, cerca de 25,81% abaixo de um mês atrás.

No Mato Grosso, os preços fecharam o dia a R$ 18,75 em Sorriso, R$ 20,50 em Nova Mutum, R$ 24,00 em Cuiabá e R$ 22,50 em Primavera do Leste, com altas entre 4% e 9% em relação ao dia anterior, mas com queda entre 7% e 17% em relação ao mês passado.

Em Goiás, R$ 26,50/saca em Rio Verde, 5% a menos que o dia anterior e 22% a menos do que o mês anterior e R$ 30,00 em Goiânia, alta de 3,45% em relação ao dia anterior, mas queda de 16,67% em relação ao mês anterior.

Na região Sul, o milho no Paraná subiu 8% de ontem para hoje nas regiões de Londrina e Maringá, fixando-se em R$ 33,50, embora tenham caído 20,24% em relação ao mês passado. Em Santa Catarina os preços continuam elevados a R$ 41,00 em Campos Novos (alta de 2,5% nesta quarta-feira), R$ 41,500 em Canoinhas, (inalterado) e R$ 42,25 em Mafra, com alta de 1,81% no dia e queda de 5,59% no mês.

No Rio Grande do Sul, R$ 38,75 em Passo Fundo, com alta de 3,33% no dia e queda de 8,28% no mês. Em Santa Rosa, R$ 39,00, inalterado no dia e queda de 4,88% no mês, sendo os mesmos percentuais para Ibirubá, onde o preço está em R$ 36,00.

 

Fonte: Agrolink

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