A semana passada foi de especulação e volatilidade para os preços da soja na Bolsa de Chicago, mas para fechar a última sessão na sexta-feira (26), o mercado optou por se manter na defensiva e encerrou os negócios com estabilidade. Entre os contratos mais negociados, as pequenas altas foram de 0,75 a 1,25 centavos, com o agosto cotado a US$ 8,83 e o novembro a US$ 9,01/bushel.
Com uma série de fatores ainda a serem revelados, efetivados e compreendidos pelo mercados, os preços se mostram sem direção em Chicago. Entre eles estão, principalmente, o futuro da guerra comercial, o clima no Corn Belt, a real área plantada norte-americana e os índices de produtividade que serão alcançados nas lavouras dos Estados Unidos.
Até que tudo isso dê sinais mais claros ao mercado, a volatilidade deverá continuar bastante presente. Enquanto isso, os novos negócios no Brasil também se mostram mais raros, com os produtores esperando por melhores momentos para voltar ao mercado, principalmente quando o assunto é a safra nova.
As vendas antecipadas da safra 2019/20, segundo analistas e consultores, segue ligeiramente atrasada quando comparada com anos anteriores, uma vez que o cenário formador de preços é bastante nebuloso neste momento. Assim, o importante é que o sojicultor esteja protegido e com uma estratégia de comercialização que seja eficiente.
“O que nós da Agrinvest estamos recomendando ao produtor é que ele trave o bushel para o ano que vem, vencimentos março ou maio, mas compre um seguro de alta nas posições mais curtas, setembro e novembro, que são referentes à safra dos EUA. Assim, caso algo mais sério aconteça com a safra americana em agosto, ele participa de eventuais altas”, disse o analista Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities, em entrevista ao Notícias Agrícolas na sexta-feira.
Na sexta-feira, os preços da soja brasileira nos portos recuou. Em Rio Grande, a saca foi cotada a R$ 77,50 no mercado spot e a R$ 78,00 para o embarque agosto, em baixa de 0,64% em ambos os casos. No terminal de Paranaguá, foi cotada a R$ 77,80 e R$ 78,30, em baixas de 0,26% e 0,25%, respectivamente.
Já no interior, as oscilações foram apenas pontuais, e a maior parte das praças de comercialização terminou o dia com preços estáveis. As exceções foram São Gabriel do Oeste, em Mato Grosso do Sul, onde a saca subiu 2,26% para R$ 68,00; Sorriso, Mato Grosso, com alta de 0,79% no mercado disponível, para R$ 63,50 e Ponta Grossa, no Paraná, onde saca caiu 0,65%, sendo cotada a R$ 76,00.
Clima nos EUA
O mercado segue muito atento às questões do clima no Corn Belt e ao atraso no desenvolvimento das lavouras norte-americanas. Algumas previsões indicam para a próxima semana, o calor intenso e a falta de chuvas poderiam voltar a castigar algumas regiões produtoras em Illinois, Indiana e Iowa, segundo apurou a consultoria internacional Allendale, Inc.
O mapa atualizado pelo NOAA na sexta-feira para o período entre 27 de julho a 3 de agosto mostra os acumulados mais elevados sendo esperados para o nordeste dos EUA, pegando partes de Minnesota e Wisconsin. Áreas do Missouri também podem registrar volumes consideráveis.
“Os mapas climáticos atualizados ressaltam a chegada de precipitações leves sobre o norte do Cinturão Agrícola, neste fim de semana. De uma maneira geral, as previsões são generalizadas para todas as principais regiões sojicultoras dos Estados Unidos. No entanto, a ARC não acredita na dispersão total desta nova rodada de chuvas no curto-prazo. Algumas regiões deverão continuar sob estresse hídrico”, explicam os especialistas da ARC Mercosul.
Relatório do USDA
O mercado aguardo a divulgação dos números do USDA, que ocorrerá no dia 12 de agosto, principalmente aqueles que irão atualizar as informações sobre a área efetivamente plantada com soja e milho nos EUA.
Devido aos problemas causados por tantas adversidades climáticas durante o período de plantio nos EUA, a coleta de dados sobre a área nesta temporada ficou bastante complicada de ser feita, comprometendo a realidade dos números. Assim, o USDA vem promovendo essa recontagem dos hectares plantados, replantados e o que os produtores norte-americanos destinaram ao programa do Prevent Plant.
“Até o momento o que vemos é que os embarques estão fracos, que os registros estão fracos e que o mercado agora tem um ‘bando de cegos’ abraçados, tateando para saber o que teremos de área e produtividade norte-americanas”, disse o chefe do setor de grãos da Datagro, Flávio França Junior, sobre a espera do mercado pelo novo relatório do USDA.
Demanda
Se há alguns dias eram crescentes as especulações sobre novas compras de soja por parte da China nos EUA, o que o mercado observa agora são notícias dando conta de que a nação asiática segue limitando suas operações com o produto norte-americano.
E são essas incertezas e notícias como as de que a demanda da China estaria cada vez mais distante do mercado norte-americano que têm limitado o potencial de avanço dos futuros da soja no mercado internacional diante de problemas sérios que são enfrentados pela nova safra norte-americana.
“Não é uma safra boa, é uma safra que deve ficar na média, ou talvez até um pouco abaixo disso aqui nos Estados Unidos, mas isso não provoca uma alta nos preços em Chicago porque há uma falta de demanda. E é por isso que os prêmios no Brasil também não reagem”, explica o diretor da ARC MERCOSUL Tarso Veloso, direto do Corn Belt, durante um bate-papo de mercado realizado na sexta-feira pela consultoria.
Notícias Agrícolas