Soja: Com clima irregular, consultor não descarta perdas na safra do Brasil

Um dos consultores mais respeitados do mundo, Michael Cordonnier, manteve as suas projeções para a safra 2015/16 do Brasil em 100 milhões de toneladas de soja e 81.2 milhões de toneladas de milho. Contudo, o consultor não descarta possíveis reduções nas estimativas daqui para frente devido ao clima irregular em algumas regiões do País.

“Com a configuração de um El Niño, as previsões de tempo mais seco do que o normal na faixa central e na região nordeste do Brasil e, por outro lado, as chuvas mais pesadas no Sul têm se confirmado”, disse Cordonnier. “Os estados de Mato Grosso, Goiás e Bahia continuam a receber chuvas isoladas, enquanto o Rio Grande do Sul foi novamente atingido por chuvas mais fortes na última semana”.

Até o momento, a perspectiva é que cerca de 60% da área prevista para essa temporada tenha sido cultivada com a soja. “Ainda temos a semeadura da oleaginosa abaixo do registrado no mesmo período do ano anterior em alguns estados como Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Goiás, Bahia e Paraná”, disse Cordonnier.

No caso do Mato Grosso, principal produtor do grão do País, o cultivo da soja está completo em 83,7% da área prevista para essa safra. O percentual está ligeiramente abaixo do observado em igual período do ano anterior, de 84,1%. As informações foram divulgadas pelo IMEA (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária).

Porém, em algumas localidades do estado o plantio do grão caminha de maneira mais lenta, em função das chuvas isoladas. Em Canarana (MT), em torno de 50% da área foi semeada, já no ano anterior, o percentual estava entre 75% até 80%. Além disso, o presidente do sindicato rural, Arlindo Cancian, destaca que entre 8% a 10% da área terá que ser replantada por conta das precipitações esparsas.

“Os produtores terão que fazer acordos com as revendas para tentar refazer esse plantio, o problema será o adubo e as sementes que estão vindo com má qualidade”, disse Cancian ressaltando que os agricultores terão custo ainda maiores nestes casos.

“Em áreas isoladas do estado, menos da metade da soja foi plantada quando normalmente, a semeadura deveria estar caminhando para o final. Inclusive, algumas regiões terão que ser replantadas devido à má germinação. Os produtores relatam que a falta de chuvas em algumas localidades chega a 15/20 dias e as temperaturas em torno de 40ºC”, disse Cordonnier.

O consultor ainda sinaliza que a área total a ser replantada só poderá ser determinada após o retorno das chuvas, que irão contribuir para a avaliação da germinação e emergência das plantas. “Nessas áreas mais secas, os agricultores vão esperar a umidade adequada do solo para plantar a soja, pois não têm alternativa”, disse.

Argentina

Para a safra da Argentina, o consultor também manteve as projeções para as produções de soja e milho em 58 milhões e 21.6 milhões de toneladas, respectivamente. De acordo com informações da Bolsa de Rosário, em torno de 20.5 milhões de hectares já foram semeados com a soja no país.

“O tempo na Argentina tem sido geralmente bom para o plantio, embora tenha ficado um pouco mais seco nas localidades do sul e ocidentais. O cultivo da soja precoce também foi retardado devido às temperaturas mais frias do que o normal. A perspectiva é que haja um bom avanço com os trabalhos da soja, uma vez que o milho já está praticamente plantado”, disse o consultor.

Cordonnier ainda diz que a área plantada com o milho no país é incerta, devido à situação política. No próximo dia 22 de novembro, a população voltará às urnas para o segundo turno da eleição presidencial. “Os agricultores esperam que Mauricio Macri (da oposição) ganhe, pois ele prometeu eliminar o imposto de exportação sobre o milho e reduzir o da soja em até 5%. Como resultado, a área cultivada ainda podem sofrer alterações”, finaliza.

 

Fonte: Notícias Agrícolas

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