Soja: cautela com o clima limita ritmo de vendas no Brasil

Sem a referência da Bolsa de Chicago, que não abriu em função do feriado da Ação de Graças nos EUA, e mais a oscilação tímida do dólar, o mercado brasileiro da soja está parado. No entanto, nos portos nacionais, principalmente Rio Grande e Paranaguá, mesmo em um mercado apenas ‘nominal’, ainda oscilam entre R$ 85 a R$ 86 a saca, para a entrega em maio e pagamento em julho 2017.

“E o mercado ainda tem fôlego para pagar mais amanhã cerca de R$ 1 acima dos preços de hoje, com Chicago voltando do feriado trazendo boas notícias para encarar o final de semana”, disse o consultor Vlamir Brandalizze. Com esses preços nos portos, ainda segundo o consultor, a saca no interior do Brasil, nas principais regiões produtoras, supera os R$ 70 e remunera o produtor neste momento.

Ainda assim, os negócios estão parados e os produtores aguardam por novidades para voltar ao mercado, para fazer novas vendas. Ontem, com a boa alta de mais de 1% do dólar e das cotações atraentes de Chicago, que registraram 0,50 centavos de dólar de alta desde a última quinta-feira (17), o ritmo do mercado foi melhor e bons negócios foram concluídos em quase todas as regiões produtoras. No Rio Grande do Sul, por exemplo, onde a comercialização está um pouco mais atrasada, os sojicultores aproveitaram o momento e travaram parte de sua produção.

Mesmo com um cenário mais favorável para a comercialização que parece começar a se estabelecer para a soja do Brasil, o produtor também limita seu ritmo de vendas diante das incertezas com relação ao clima para esta safra, principalmente após as perdas causadas pelo El Niño na temporada 2015/16. Muitos sojicultores sofreram graves prejuízos no ano passado e já tinham travado boa parte de sua safra, o que os impediu de cumprir alguns contratos.

“É uma postura lógica do produtor, que recua diante da possibilidade de que a produção se perca. Por outro lado, como ele também já esperou bastante tempo, agora, diante de um fato que pode culminar em uma perda e levar a uma elevação dos preços, o produtor observa para ver o que vai acontecer”, disse Camilo Motter, economista e analista da Granoeste Corretora de Cereais.

Segundo Motter, há avaliações que indicam que cerca de 30% a 35% da área brasileira da soja, nos estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, partes do Mato Grosso do Sul e São Paulo, estão sob risco climático nessa safra, em função do La Niña. “Esse é um ano em que o produtor plantou uma área maior do que no ciclo precoce anterior. Contudo, tivemos um clima bastante frio nos últimos dias para essa época do ano, e isso também dá uma segurada no desenvolvimento. Então, ciclo precoce, clima frio e agora quente e seco, precisamos ver se haverá danos”, disse.

 

Fonte: Notícias Agrícolas

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