Soja cai no Brasil com dólar mais baixo

O mercado físico de soja brasileiro registrou um dia de perdas generalizadas ontem (2/10). A informação é da T&F Consultoria Agroeconômica. O dólar caiu pesado (2,08%), a maior queda dos últimos 14 meses (desde 15 de junho do ano passado) e não foi devidamente compensado pela alta de 0,96% de Chicago, nem pela alta do prêmio para novembro (1,49%).

“Parece que todos estavam de olho apenas no dólar, como relatam os agentes do mercado nesta terça-feira. No mercado doméstico, os preços foram pressionados pela acentuada queda dólar, embora perdas mais acentuadas tenham sido limitadas por ganhos na bolsa norte-americana”, disse o analista da T&F Consultoria Agroeconômica, Luiz Fernando Pacheco.

Indicações de compra no oeste do estado do Paraná estavam na faixa de R$ 88,00/89,00, dependendo do local de embarque e do momento do dia, com prazos entre 30/40 dias. Em Paranaguá, houve indicações na faixa de R$ 95,00/96,00, com pagamento que pode acontecer no início de novembro, segundo a corretora Granoeste.

Na Bahia, o mercado spot estava cotado a R$ 69,00, com dezembro a R$ 79,00 e maio/2019 a R$ 71,00. O mercado permaneceu calmo no dia de hoje após a forte queda do dólar. Para a soja spot, produtores pedem R$ 74,00, e para maio/2019, R$ 75,00.

“A principal tendência dos preços da soja no Brasil, nos últimos 12 dias úteis (ou 15 dias corridos) tem sido andar de lado e, quando isto acontece, o vendedor está perdendo dinheiro, porque, se tivesse vendido no início e aplicado dinheiro, teria ganho mais do que ganha vendendo hoje. Mas, quem adivinharia?”, afirmou Pacheco.

“Esta, porém, não é a consideração correta. O que deve fazer alguém vender ou não é ter atingido os seus objetivos de lucro estabelecidos no início do plantio, e não o de alcançar o preço mais alto do ano (e aqui voltamos a dizer que preço é enganoso, não mostra o lucro)”.

Forte queda do dólar afeta movimentação do milho

Em relação ao milho, a pressão baixista voltou ao mercado, segundo a T&F, motivada pela queda brusca do dólar de 2,08% ontem (2/10). “Compradores se aproveitam do momento e reduzem as referências de compra, visto que estão abastecidos. Intermediários e silos também reforçam a pressão, enquanto produtores tentam segurar os lotes maiores para não tirar o suporte do mercado”, disse Pacheco.

A média pesquisada ontem pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) registrou queda de 0,78% na média das cotações da BM&F, reduzindo a alta de outubro para apenas 0,02%, a R$ 39,05/saca. Já a média dos preços de Campinas recuou 0,54%, aumentando em 0,83% as perdas dos dois dias úteis de outubro, para R$ 38,37/saca.

“No mercado interno, poucos negócios foram registrados. O mercado está mais ofertado do que a quebra de safra possa sugerir. O ritmo das exportações é lento e as previsões de embarque para esta temporada estão sendo revisadas para baixo, para algo em torno de 20 milhões de toneladas, contra a expectativa inicial de 30 milhões de toneladas”, informou o analista da T&F.

Porém, existe outro fator que contribui para a lentidão dos negócios e a fraqueza dos preços, segundo a corretora Granoeste, de Cascavel: a rápida implantação da safra de verão, tanto do milho quanto da soja. A do milho sugere o ingresso de produto novo já no início do próximo ano, como a T&F já havia apontado, com a necessidade de vender a safra velha para limpar os armazéns e a de soja, permitindo a implantação da safra de inverno mais precoce.

“Por outro lado, a retração dos vendedores pode indicar que a pressão sobre os preços pode estar chegando ao fim”, observou Pacheco.

 

Fonte: Agrolink

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