Soja brasileira já perde disputa com a americana

Analistas da T&F Consultoria Agroeconômica afirmaram que o Brasil ficou menos competitivo do que os Estados Unidos nesta semana. “Os prêmios à vista da soja brasileira subiram após o real se fortalecer em relação ao dólar, elevando os preços no mercado de origem. Para a safra velha, os embarques de soja brasileira, entre outubro deste ano e janeiro de 2021, são atualmente menos competitivos do que os dos EUA”.

Com a baixa disponibilidade de produto no Brasil, a soja norte-americana passa a ser a mais acessível para a China neste momento. As expectativas são de que as compras da nação asiática aumentem no mercado dos EUA frente não só à menor oferta brasileira, mas também como forma de o país cumprir a Fase 1 do acordo comercial com os americanos.

A China ainda precisa comprar, segundo os analistas da Agrinvest Commodities, cerca de 43 milhões de toneladas entre agosto e o final de janeiro para estar adequadamente abastecida. “E boa parte desse volume deverá ser comprado nos EUA”, dizem os consultores.

Cotações

Pesquisa diária do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) mostra que os preços médios da soja no mercado físico brasileiro nos portos do Brasil, sobre rodas para exportação, fecharam na terça-feira (19/5) em baixa de 1,26%, a R$ 111,76/saca (contra R$ 113,19/saca no dia anterior). Com isso, o ganho acumulado nos portos neste mês caiu para 7,90%.

Segundo a T&F Consultoria Agroeconômica, no Rio Grande do Sul os preços da soja subiram R$ 1,00/saca antes da queda do dólar, mas depois recuaram. As cotações subiram R$ 0,50/saca, para R$ 115,50 (junho) sobre rodas no porto de Rio Grande. No interior, os preços de lotes no mercado disponível também permaneceram inalterados a R$110,50 em Cruz Alta e R$ 110,00 em Ijuí e Passo Fundo.

No Paraná, os preços no mercado de balcão, pagos para os agricultores, subiram R$ 1,00/saca para R$ 98,00 em Ponta Grossa; R$ 98,00 em Campo Mourão, R$ 97,50 em Cascavel, e R$ 99,00 em Guarapuava e Maringá.

No mercado de lotes spot, os preços se mantiveram estáveis a R$ 105,00 em Ponta Grossa para entrega em junho e pagamento no início de julho; a R$ 109,00 no interior dos Campos Gerais, com retirada em junho e pagamento nos meados de julho, e a R$ 110,00 também no interior dos Campos Gerais, para retirada julho e pagamento nos meados de agosto.

Câmbio

No Brasil, o dólar registrou um novo dia de queda frente ao real e volta a operar na casa dos R$ 5,70, mantendo certa pressão sobre os preços da soja no mercado brasileiro. As notícias mais positivas vindas do mercado financeiro diante de melhores perspectivas sobre a pandemia do Coronavírus dá espaço a este movimento e traz a moeda norte-americana a este patamar.

“E temos de ficar atentos porque a queda do dólar pode continuar, já que a moeda norte-americana estava muito valorizada”, disse Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting.

Portos

Assim, os preços nos portos nacionais continuam mostrando um início de semana mais calmo, de poucos negócios, e cotações ainda na casa de R$ 2,00 por saca mais baixos do que as da semana passada. “Os preços nos portos (para a soja disponível) estão entre R$ 114,00 e R$ 116,00, e mostram fragilidade em função, principalmente, do dólar mais fraco”, afirmou Brandalizze.

O que contribui para um bom suporte para os preços da soja no mercado brasileiro é a oferta de produto bastante restrita, se ajustando cada vez mais diante das exportações fortes. Somente nas duas primeiras semanas de maio, segundo os dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior), foram mais de 8.7 milhões de toneladas já embarcadas.

Ritmo acelerado

Em todo o ano, o volume acumulado passa de 43 milhões de toneladas, contra pouco um mais de 30 milhões de toneladas no mesmo período de 2019. Contabilizando o complexo soja, as exportações brasileiras superam as 50 milhões de toneladas no período.

“O ritmo dos negócios é muito acelerado. Já temos 85% da safra negociada, e vai sobrando muito pouco para o segundo semestre. Isso obriga o setor industrial a ficar atento para a escassez de soja que pode haver no final do ano”, completou Brandalizze.

 

Fontes: Agrolink/Notícias Agrícolas

Equipe SNA

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