Société Générale estima queda nos preços do café após futuros atingirem máximas de 18 meses

O banco Société Générale advertiu sobre uma retração nos preços do café, depois que os futuros do arábica atingiram uma alta de 18 meses, ainda assim, o banco continua apontando potenciais ganhos nos mercados do algodão e açúcar.

Apesar de o banco elevar acentuadamente suas previsões nos preços médios para os contratos futuros do café arábica no trimestre, negociados em Nova York, as estimativas permanecem bem abaixo do que os investidores esperam.

De outubro a dezembro, por exemplo, o banco prevê os contratos futuros do café arábica com média de US$ 1,32 a libra-peso, bem abaixo dos US$ 1,5465 a libra-peso do contrato de dezembro/16 negociado na última quinta-feira.

O contrato tocou US$ 1,5570 a libra-peso no início do dia, o valor mais alto para um vencimento próximo e o mais valorizado desde fevereiro do ano passado, com os preços apoiados pela força no mercado de café robusta em Londres depois que o IBGE apontou uma queda na produção do Brasil para este ano.

No entanto, o SocGen disse que a alta notável nos estoques de café dos países importadores irá prejudicar os preços, compensando um aumento potencial e levando em conta as previsões para a safra 2017/18, que também deve apresentar uma queda.

‘Alta suficiente para derrubar os preços’

“Embora os níveis de estoques nos países produtores estejam próximos das mínimas históricas, os níveis de estoques nos países consumidores estão altos o suficiente para suprimir os preços diante das perspectivas de produção aquém das expectativas”, disse o analista do SocGen, Rajesh Singla.

Ele sinaliza que o USDA estima uma tensão na oferta levando em conta a relação entre estoque e consumo e, portanto, os compradores serão forçados a pagar mais para ter o produto.

Na União Europeia, que responde por 30% do consumo arábica no mundo, a relação estoque e consumo vai cair 2,1% ao ano para 22,9%, enquanto que, nos EUA, responsáveis por 16% do uso global do grão, a proporção cairá 1,5% para 24,4%.

“Nós ainda preferimos manter abaixo da curva devido aos altos estoques”, disse Singla.

Debate sobre estoques

Os comentários coincidem com os do Rabobank da semana passada, que também são pessimistas em relação ao futuro do café arábica, vendo os preços médios em cerca de US$ 1,38 a libra-peso nos últimos três meses de 2016.
O Rabobank disse na semana passada que os estoques de café “visíveis” – definidos como os da Europa, Japão e EUA, além de estoques não-agrícolas do Vietnã – “estão em níveis recordes”.

No entanto, muitos outros investidores estão vendo os estoques baixos em países produtores justificando isso com preços mais fortes, além de baixos níveis de estoques mantidos para a entrega não futura.

Os estoques de café arábica nos armazéns monitorados pela ICE caíram na quarta-feira para o menor patamar em cinco anos, totalizando 1.27 milhões de sacas.

‘Cautelosamente otimistas’

No açúcar, o Société Générale prevê que os futuros em Nova York se segurem mais de US$ 0,21 a libra-peso, em média, para os próximos três meses, à frente dos preços que foram negociados na quinta-feira.

O contrato outubro/16, mais negociado, foi cotado a US$ 2,006 a libra-peso nos negócios pela manhã.

O banco denomina-se “cautelosamente otimista” sobre os preços sinalizando a perspectiva de um déficit na produção mundial de açúcar em 2016/17, apesar de cerca de 39 milhões de toneladas de produção no Brasil, o maior produtor mundial.

Além disso, “o real pode continuar apoiando os preços devido à rendimentos de títulos atraentes no País”, com uma moeda brasileira mais forte aumentando seu valor, em dólares, ativo que é um player chave para o país sul-americano.

Ataques de pragas

Para o algodão, negociado em Nova York, o SocGen prevê a negociação de futuros em cerca de US$ 0,71 a libra-peso em 2017, um acima dos preços atuais.

O banco sinalizou uma redução para as perspectivas de produção na Índia por conta da falta de chuvas em Gujarat, e “ataques de pragas”, em Punjab e Haryana.

“À medida que o tempo manteve-se hostil para o plantio na Índia, e pode impactar a cultura nos Estados Unidos, esperamos que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos possa fazer uma redução nas estimativas globais de produção nos próximos meses.”

 

 

Fonte: Agrimoney

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