SNA: câmbio favorável estimula exportações de carne bovina, analisa Milton Dallari

Diretor da SNA, José Milton Dallari afirma que “A melhoria no câmbio resultou no aumento significativo no volume das exportações de carne bovina”. Foto: Divulgação
Diretor da SNA, José Milton Dallari afirma que “a melhoria no câmbio resultou no aumento significativo no volume das exportações de carne bovina”. Foto: Divulgação

As exportações brasileiras de carne bovina in natura e industrializada cresceram 1,3% em receita e 12% em volume, no primeiro semestre deste ano em comparação com igual período de 2015. Os dados são do balanço divulgado pela Associação Brasileira da Indústria Exportadora (Abiec).

“A melhoria no câmbio resultou no aumento significativo no volume das exportações de carne bovina”, analisa o diretor técnico da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) José Milton Dallari.

No acumulado de janeiro a junho deste ano, a receita do setor superou US$ 2,8 bilhões e os embarques totalizaram 736 mil toneladas de carne. A carne in natura liderou as exportações, com 573 mil toneladas e faturamento de US$ 2,2 bilhões.

De acordo com a Abiec, o resultado reflete o aumento da comercialização para Hong Kong entre os países ou regiões, seguido pela China, que acaba de completar um ano da reabertura do mercado para o produto brasileiro.

 

“Neste período (fim de junho de 2015 a junho deste ano), o Brasil exportou 198 mil toneladas de carne bovina para o mercado chinês”, informa o presidente da Abiec, Antônio Jorge Camardelli. Foto: Divulgação Abiec
“Neste período (fim de junho de 2015 a junho deste ano), o Brasil exportou 198 mil toneladas de carne bovina para o mercado chinês”, informa o presidente da Abiec, Antônio Jorge Camardelli. Foto: Divulgação Abiec

De janeiro a junho de 2016, a China importou 87 mil toneladas de carne bovina brasileira, o equivalente à receita de US$ 365 milhões. “Com as exportações para a China, esperamos que este ano o Brasil alcance os mesmos resultados de 2014, quando foram exportadas 1,5 milhão de toneladas”, projeta Camardelli.

Dallari afirma que as vendas para a China continuarão crescendo. “Assim que forem resolvidas as questões sanitárias, o Brasil deverá ocupar espaço em outros países asiáticos (Vietnã, Malásia e Filipinas) que são servidos por carne australiana”, prevê.

 

‘COTA HILTON’

Segundo a Abiec, de junho de 2015 a junho de 2016, o Brasil atingiu 92.9 % das 10 mil toneladas da “Cota Hilton”, concedida pela União Europeia ao País. A Cota refere-se à venda de cortes especiais do quarto traseiro, de novilhos precoces, com preço no mercado internacional mais alto do que a carne em geral.

“Há algum tempo, a indústria começou a organizar seu fornecimento para atender aos critérios da cota e aproveitar a vantagem que se tem na tarifa de importação, que é de 20% sobre o valor do produto”, explica Fernando Sampaio, diretor-executivo da Associação. A tarifa extra cota é de 12,8% mais 303,4 euros por 100 quilos de carne.

 

“Há algum tempo, a indústria começou a organizar seu fornecimento para atender aos critérios da cota e aproveitar a vantagem que se tem na tarifa de importação, que é de 20% sobre o valor do produto”, explica Fernando Sampaio, diretor-executivo da Associação
“Há algum tempo, a indústria começou a organizar seu fornecimento (de carne bovina) para atender aos critérios da cota (Hilton) e aproveitar a vantagem que se tem na tarifa de importação, que é de 20% sobre o valor do produto”, explica o diretor executivo da Abiec, Fernando Sampaio. Foto: Divulgação Abiec

“Nos anos de 1991 a 1993, quando trabalhei na Abiec, conseguimos aumentar a cota de 5 mil para 10 mil toneladas anuais. Desde então, a entidade tem se esforçado no sentido de ampliá-la”, ressalta Dallari. “O Brasil tem competência técnica e sanitária para ampliar o fornecimento para 20 mil toneladas”, garante o diretor da SNA, lembrando que a cota Argentina é de 38 mil toneladas.

Na opinião de Camardelli, a Cota Hilton, de 10.000 toneladas para carne de alta qualidade, cria barreiras sanitárias além de outras dificuldades, com a alimentação dos animais exclusivamente a pasto e colocação de brincos à desmama. “Nosso desempenho só aumentou porque a diferença de preço compensa cumprir as exigências, mas a cota continua sendo prejudicial ao País.”

O presidente da Abiec destaca ainda que o Brasil é um dos grandes fornecedores de carne bovina para o mercado consumidor europeu, que é muito exigente em relação à sanidade e à rastreabilidade. “Chegamos a exportar mais de 400 mil toneladas para a Europa, mas, a partir de 2008, os embarques começaram a cair e hoje está ao redor de 120 mil toneladas por ano.”

 

BOA NOTÍCIA

Uma boa notícia para o setor é que, no fim de junho, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) validou o protocolo de acesso à Cota 481, que prevê a exportação de carne de alta qualidade, inclusive produzida em confinamento para a União Europeia.

O documento foi elaborado pela Abiec e aAssociação Nacional dos Confinadores (Assocon) em parceria com a Confederação Nacional de Agricultura (CNA). “Estamos aguardando a resposta da União Europeia”, diz Sampaio, da Abiec.

 

MERCADO INTERNO

No mercado doméstico, a demanda continua retraída. “Em razão da queda da renda das famílias, há cerca de um ano e meio, cresceu o consumo de carnes de frango e suína e caiu a de carne bovina”, justifica Dallari. Segundo ele, o aumento da arroba do boi acabou estabilizando o volume e o preço da carne no mercado interno e externo.

“Com a acomodação dos preços, o Brasil terá condições de se consolidar como grande fornecedor mundial de carne bovina.”

 

Por equipe SNA/SP

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