Médios e grandes produtores rurais do Brasil já contrataram R$ 79,45 bilhões para custear a atual safra. A quantia se refere aos recursos destinados a esse fim, de um total de R$ 183,85 bilhões previstos no orçamento do Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2016/17, mais conhecido como Plano Safra.
Os dados, que equivalem ao período de julho de 2016 a janeiro deste ano, foram divulgados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), na sexta-feira passada, dez de fevereiro.
Na opinião do diretor da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) e analista de mercado Fernando Pimentel, “o desempenho está melhor que o observado em 2016, embora ainda seja insuficiente”. “Isso obriga a indústria de insumos e tradings a elevarem suas exposições ao crédito para os produtores”, comenta o especialista, que também preside a empresa AgroSecurity.
Conforme a análise da Secretária de Política Agrícola (SPA) do Mapa, as contratações do crédito rural na atual safra continuam crescendo dentro do previsto, sejam elas destinadas ao custeio e à comercialização (R$ 64,56 bilhões ou 43% do total) ou aos investimentos (R$ 14,9 bilhões ou 44%).
De acordo com Pimentel, “como neste ano tivemos a oferta de pré-custeio do BB (Banco do Brasil), na ordem de R$ 12 bilhões, estamos retomando a normalidade em face da oferta de recursos, mas os setores de insumos e de exportação ainda seguem pressionados a oferecerem mais crédito”.
FINANCIAMENTOS
Dados da SPA/Mapa também apontam que os financiamentos de custeio, entre julho de 2016 e janeiro deste ano, sofreram uma queda de 11,4% em relação a igual período anterior, devido à aplicação de R$ 10 bilhões vindos do pré-custeio.
“O pré-custeio é uma linha antecipada para a compra de insumos. Normalmente, ele entra no caixa dos produtores até o mês de maio, favorecendo a compra de insumos em condições de mercado mais atrativas para o produtor”, explica o diretor da SNA.
Conforme a Secretaria, o Banco do Brasil e o Ministério da Agricultura anunciam que, até o final de junho deste ano, serão disponibilizados os mesmos R$ 12 bilhões para os financiamentos de pré-custeio referentes à próxima safra, do ciclo agrícola 2017/18.
Para Pimentel, esse valor é satisfatório, se comparado ao ano passado: “Mas é uma cifra pequena considerando o volume demandado pelo mercado. Uns R$ 25 bilhões estariam mais de acordo com a atual demanda”.
TAXAS LIVRES
A Secretaria de Política Agrícola ainda indicou que os financiamentos de custeio com taxas livres tiveram alta de 78%, chegando à marca de R$ 9,8 bilhões, um valor bem acima dos R$ 5,5 bilhões referentes à safra anterior.
Para o órgão, “esse desempenho é explicado pela contribuição dos recursos oriundos da emissão de Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), direcionados para o crédito rural, no montante de R$ 9,7 bilhões, sendo R$ 5,4 bilhões com taxa favorecida e R$ 4,3 bilhões com taxas livres”.
“Os recursos controlados derivam da poupança rural e dos depósitos à vista. Ambos estão em declínio no país, nos últimos anos. Em compensação, os recursos livres cresceram, porque existem outras fontes de captação, como é o caso das LCAs. Como aplicação, isso é positivo para o investidor, devido à isenção de IR (Imposto de Renda)”, analisa Pimentel.
MODERFROTA
Para a compra de máquinas e implementos agrícolas, a SPA/Mapa registrou alta de 3,5% dos financiamentos deste setor, o que, na visão do órgão, significa um sinal de recuperação desse mercado.
As contratações do Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (o Moderfrota) aumentaram 53%, relativamente aos créditos concedidos por meio do mesmo programa e do Programa de Sustentação do Investimento (PSI Rural), que deixou de existir em dezembro de 2015.
No entendimento do diretor da SNA, os resultados são bons: “Além de termos mais otimismo no campo, as linhas de crédito, apesar dos juros mais elevados, estão mais disponíveis nas agências bancárias”.
Por equipe SNA/RJ