As mudanças pelas quais o mundo atravessa na atualidade foram potencializadas, segundo analistas, pela pandemia da Covid-19. Nesse contexto, fatores como a rápida digitalização, inclusive no setor agrícola, e as modificações nas relações sociais, incluindo o ambiente de trabalho, foram alguns dos efeitos da chegada do novo coronavírus. E o setor cooperativista também começou a avançar diante desse cenário.
Liderança – “O movimento cooperativista precisa liderar o processo de mudanças que estamos vendo hoje em dia na humanidade, principalmente nas novas gerações, que buscam diferenciais e uma participação mais forte. O cooperativismo tem tudo a ver com isso, pelo modelo democrático de ser e pelas oportunidades de desenvolvimento. Queremos ser menos proprietários e mais usuários”, afirmou Márcio Lopes de Freitas, presidente do Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) e titular da Academia Nacional de Agricultura.
Novo “design” – Ao participar do webinar “O Protagonismo das Cooperativas em 2021”, organizado pela cooperativa de crédito Sicoob Credicitrus, Freitas defendeu um novo ‘design’ para o sistema cooperativista.
Modelo de negócio – “Há muitas cooperativas no Brasil que já estão surfando nessa onda, mas nós precisamos fazer com que a totalidade do cooperativismo melhore. Estamos em um processo de trazer um novo ‘design’ do sistema cooperativo, que não significa somente um novo planejamento, mas também um modelo de negócio que esteja mais presente no jogo da sociedade e que permaneça mais ligado aos cooperados”, disse o acadêmico.
Necessidades – A ideia, segundo Freitas, é atender as necessidades dos cooperados e as demandas da sociedade, que cada vez mais valoriza questões como rastreabilidade e sustentabilidade. “Vamos ter de trabalhar muito para isso. Investir nas lideranças, em capacitação e treinamento de pessoal, até para que os próprios cooperados entendam o papel deles nesse jogo”.
Intercooperação – Além disso, o presidente da OCB falou sobre a importância da prática da intercooperação e da integração. “Intercooperação não é uma questão de ideologia e sim de economia, de gerar resultados, de garantir mais valor na entrega”. Nesse sentido, acrescentou Freitas, “a OCB iniciou um trabalho de integração das cooperativas do Nordeste com as do Sul do País”.
Transferência de conhecimento – A iniciativa, segundo ele, envolve a transferência de conhecimento e informação e poderá gerar bons negócios. “Precisamos também nos internacionalizar. Já começamos a articular alianças com grupos cooperativistas de outros países”.
“Somos Coop”– Freitas informou ainda que a OCB iniciou um movimento denominado “Somos Coop” que tem por objetivo divulgar o cooperativismo e “resgatar o orgulho de ser cooperativista”. Segundo o acadêmico, os participantes da campanha são considerados “cooperados-padrão” que atendem aos parâmetros de qualidade e eficiência.
Maior atuação – Para Marcos Fava Neves, diretor técnico da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) e mediador do debate online, o cooperativismo está avançando cada vez mais para assumir seu protagonismo no País.
Deu certo – “É um modelo econômico que deu certo, um ‘socialismo’ que funciona, porque é baseado no mérito, na inclusão, na força do coletivismo para atingir resultados. No entanto, o setor precisa de maior atuação”, disse ele. “Queria ver as cooperativas garantindo 20% da distribuição de combustíveis no País, 20% do abastecimento em supermercados, e com maior agregação, dominando o mercado internacional”.
Modelo – Fernando Degobbi, presidente executivo da Coopercitrus, defendeu a criação de um modelo de negócios no setor pautado pela tecnologia e com foco na agregação de valor para o produtor. “É preciso estabelecer uma jornada de valor”, destacou.
Certificação – Neivor Canton, presidente da cooperativa Aurora Alimentos, falou sobre a importância da certificação de propriedades rurais sustentáveis e da implementação de melhorias técnicas nas plantas industriais para que sejam capazes de competir no mercado externo. “Estamos no meio do caminho em relação a assumir um protagonismo, pois ainda temos milhares de famílias de produtores em propriedades ainda não certificadas”.
Cooperativas de crédito – Ao ressaltar a importância das cooperativas de crédito, Walmir Segatto, presidente executivo da Sicoob Credicitrus, afirmou que a comunicação do setor cooperativista, assim como do agro em geral, precisa melhorar. No caso do cooperativismo de crédito, disse ele, “segundo o Banco Central, há possibilidade de passarmos dos 5%, 6% atuais de market-share para 22% até 2022″.
Potencial – Pela ótica do BC, completou Segatto, “o cooperativismo de crédito tem potencial de penetração em quase todos os municípios brasileiros”.
Open banking – O executivo destacou ainda que o open banking (tecnologia de compartilhamento de dados e serviços de clientes entre instituições financeiras, mediante autorização do usuário) é outra grande oportunidade para o setor. “Isso nos fará ser comparáveis a outras instituições em relação às melhores tarifas e custos. Vai criar vantagens competitivas, mas nós teremos de nos capacitar e nos aperfeiçoar nesse sentido”. (Sicoob Credicitrus)