Um conjunto de nove mil perfis de solos brasileiros está disponível na internet para acesso público e gratuito. Os perfis são as unidades básicas do estudo dos solos e o seu conhecimento é fundamental para o planejamento do uso sustentável e conservação dos solos brasileiros. Além disso, a informação obtida nesses perfis gera o avanço do conhecimento em solos tropicais.
Com apoio da tecnologia da informação, a Embrapa acaba de criar a maior base de dados de solos do País. O sistema de informação de solos brasileiros reúne em uma única plataforma todo o resultado de pesquisa sobre o tema que a Empresa produziu nos últimos 40 anos.
“É o maior banco de solos do Brasil, que permite conhecer melhor os solos brasileiros e sua distribuição no território. É possível até prospectar o estoque de carbono presente no solo. [O sistema] nos equipara a países como Austrália e Estados Unidos, que possuem bancos semelhantes. Ele é importante também para manutenção da função do solo agrícola e não-agrícola na elaboração de políticas públicas”, explica a chefe-geral da Embrapa Solos, Lourdes Mendonça.
Esse conhecimento vai contribuir para a tomada de decisões relativas ao agronegócio, como zoneamento agrícola e estimativa da produtividade de culturas, além de representar uma importante fonte para o ensino e a pesquisa, beneficiando principalmente cientistas, professores e alunos de pós-graduação.
Informações de solos coletados e analisados de todas as regiões do Brasil compõem o sistema, que contempla perfis de solos, análises de fertilidade e mapas. Os mapas temáticos disponíveis servem de base para estudos agronômicos relativos a mapas de solo e de fertilidade, aptidão agrícola de culturas, zoneamentos climáticos e agroecológicos, entre outros. Dessa forma, outros projetos de pesquisa também serão favorecidos.
O sistema é constituído de três módulos de entrada de dados: pedologia, fertilidade e mapeamento. A base de pedologia congrega dados sobre os perfis de solos e é a parte primordial do sistema de informação. Cada perfil é formado por camadas ou horizontes, segmentados por suas características morfológicas, mineralógicas, micromorfológicas, físicas e químicas.
O componente sobre fertilidade visa a apoiar a tomada de decisões pelos agricultores. A fertilidade é a capacidade do solo em fornecer os nutrientes essenciais, em quantidade e proporção adequadas, para o crescimento da planta. A base de dados possui informações sobre fazendas, talhões, laboratórios e amostras, que contêm os parâmetros de fertilidade de solos analisados em laboratório.
ACESSO PÚBLICO
Essa base de dados, desenvolvida com ferramentas de software livre, é atualizada diariamente, de forma automática, garantindo o funcionamento do sistema e a preservação das informações. Além disso, os especialistas distribuídos pelo País podem inserir os trabalhos no sistema, que serão agregados nessa base integrada e ficarão disponíveis ao público.
Para que as consultas a essa imensa quantidade de informações seja eficiente, o sistema permite filtrar os trabalhos por categorias e atributos. Qualquer pessoa tem acesso aos trabalhos científicos organizados por perfis, com a possibilidade de realizar variadas buscas de acordo com interesses específicos, como a localização, por exemplo.
O módulo de consulta conta com filtros de localização geográfica, identificação dos horizontes, descrição do ambiente e classificação. Isso facilita o acesso aos trabalhos, pois faz com que os resultados obtidos sejam mais adequados ao interesse do usuário. Outro recurso importante é a recuperação automática dos trabalhos inseridos nas Bases de Dados da Pesquisa Agropecuária (BDPA).
Toda consulta é realizada em três etapas. É possível selecionar os atributos, os filtros – como região e classe de solo – e, dentre os resultados retornados, quais os trabalhos deseja-se acessar. Assim fica mais fácil obter um conjunto de respostas extremamente identificadas com as características de interesse de quem procura a informação.
“A integração vai tornar muito mais rápido o trabalho de pesquisa, com ganho enorme de tempo e de recurso”, afirma o pesquisador Stanley Oliveira, chefe de Administração da Embrapa Informática Agropecuária. Os dados armazenados seguem o formato do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS).
“Sem esse repositório, seria impossível consultar todas essas informações que estavam distribuídas em livros, teses, relatórios, boletins, artigos e planilhas, com diferentes formatos”, complementa. O avanço da tecnologia da informação ajuda a organizar o conhecimento, simplificando o tempo de recuperação dos dados e agilizando muito o trabalho de pesquisa”, diz Oliveira.
A Embrapa Informática Agropecuária conta com um parque tecnológico composto por computadores com alta capacidade de armazenamento e processamento que possibilitam o gerenciamento, a atualização e a evolução do sistema de forma permanente. As ferramentas de software também são aperfeiçoadas para atender às necessidades dos cientistas e da sociedade.
HISTÓRICO
Desde a década de 80, pesquisadores da Embrapa Solos vêm se empenhando para a produção de um repositório único que possibilitasse armazenar, gerenciar, recuperar e consultar informações sobre os perfis de solos de todas as regiões brasileiras. Nesse período, aquele centro de pesquisa realizou uma série de iniciativas para sistematizar esse conhecimento em bancos de dados mas, com o advento da internet, foi preciso buscar novas soluções.
A ideia foi integrar numa base única os dados produzidos pela pesquisa brasileira, ou seja, incluindo as instituições que estudam o assunto no País. Com isso, todos os trabalhos que se encontram dispersos em bibliotecas, centros de pesquisa e universidades, de difícil acesso ao público, ficariam reunidos nessa plataforma tecnológica.
Após um longo trabalho de organização e padronização das informações, além do desenvolvimento do sistema, os pesquisadores agora querem estabelecer parcerias e credenciar outras instituições, como universidades e centros de pesquisa públicos, para ampliar a base de conhecimento.
Essa cooperativa de instituições vai permitir que todos os estudiosos de solo do País usem e alimentem o sistema pela internet. AEmbrapa pretende capacitar pesquisadores interessados para que possam inserir seus dados, os quais poderão ser exportados em formato de planilhas.
“Uma funcionalidade interessante é que o sistema permite gerar sub-bases por instituição”, conta Oliveira. Com esse recurso, os especialistas então vão ter acesso às informações completas e organizadas de todo o Brasil e não apenas às produzidas por suas instituições.
Esse trabalho cooperativo e em rede pode representar um importante avanço para o estudo de solos no País e pesquisas relacionadas, conforme a chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Informática Agropecuária, Silvia Massruhá. Numa ação coordenada pela Embrapa Solos, os dados geoespaciais desse sistema vão ser integrados ao projeto NatData – Plataforma de Recursos Naturais dos Biomas Brasileiros, liderado pela Embrapa Informática Agropecuária.
Como acessar:
O Sistema de Solos Brasileiros está disponível em: http://www.sisolos.cnptia.
Fonte: Ascom Embrapa