Setores público e privado se mobilizam para reduzir emissão de CO2

Superintendente do Ministério da Agricultura, Augusto Billi afirma que o Brasil tem o desafio de produzir mais alimentos, conservando o solo e a água. Foto: Divulgação
Superintendente do Ministério da Agricultura, Augusto Billi afirma que o Brasil tem o desafio de produzir mais alimentos, conservando o solo e a água. Foto: Divulgação

“Nossa aptidão agrícola e pecuária impõe para o Brasil a necessidade de o País se preocupar mais com o meio ambiente. Sabemos que o mundo vai demandar cada vez mais alimentos e nós temos o desafio de produzir mais, sempre pensando em obter maior produtividade, porém, conservando o solo e a água.”

A afirmação de Augusto Billi, superintendente do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), foi feita em evento realizado no último dia 13 de abril, em São Paulo, durante a apresentação de um programa para implementar medidas que resultem no aumento da produtividade na pecuária e na redução das emissões de gases de efeito estufa.

Segundo dados apresentados no encontro, a produção de carne bovina tem um papel relevante para a economia brasileira, no entanto, esta cadeia produtiva é uma das principais responsáveis por grande parte dos impactos ambientais, respondendo por 17% das emissões de gases estufa. Além disto, também é considerada a grande vilã do desmatamento e degradação da terra, com 24% de impacto sobre mudanças climáticas em território nacional, ou seja, o setor representa mais de 40% de impacto total do Brasil no que se refere às alterações de clima.

Para minimizar estes efeitos, programas de boas práticas estão sendo desenvolvidos em parceria entre o governo e empresas privadas, além de estudos que mostram que a adoção e a aplicação de tecnologias voltadas para a emissão de baixo carbono podem aumentar a produtividade e, ao mesmo tempo, oferecer menores riscos ambientais.

 

BAIXO CARBONO

Uma destas iniciativas foi concedida por especialistas internacionais da Carbon Trust, consultoria criada no Reino Unido com objetivo de “acelerar” a transição para uma economia de baixo carbono. O projeto tem o apoio do Mapa, do Ministério do Meio Ambiente (MMA), do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), além de indústrias locais, instituições especializadas e Organizações Não-Governamentais (ONGs).

“Com a colaboração de uma série de instituições brasileiras, montamos um programa para prover conscientização, financiamento e assistência técnica adequada a uma amostra da cadeia produtiva da carne; vamos buscar recursos internacionais para implementá-la, assim como já fizemos em outros países”, explica João Lampreia, gerente do Carbon Trust no Brasil.

Segundo Lampreia, apesar de ser muito importante para a economia nacional, a cadeia da carne bovina também é responsável por forte impacto nas mudanças climáticas no País. “A boa notícia é que existe uma série de medidas que ajudam a reduzir esses impactos causados ao longo dessa cadeia e, ao mesmo tempo, trazem benefícios econômicos, como o aumento da produtividade e a redução de custos energéticos em cada subsetor”, comenta.

 

OPORTUNIDADES

A iniciativa reuniu percepções de especialistas e identificou as principais oportunidades para implementar ações em cinco setores da cadeia de fornecimento (criação de gado, transporte de animais vivos, instalações de processamento de carne, transporte refrigerado e varejo de alimentos). Agora, busca assegurar US$ 120 milhões em financiamento internacional e contrapartidas locais para realizar o programa, que tem como objetivo conscientizar as empresas da cadeia da carne sobre as soluções práticas que otimizem seus processos, além de oferecer assistência técnica e financiamento.

O alvo do projeto é a região norte de Mato Grosso, no “cinturão do desmatamento”. Com prazo de execução de cinco anos, a iniciativa prevê a recuperação de 200 mil hectares de pastos degradados. “Com recursos de US$ 120 milhões, podemos trabalhar com amostras significativas de todos os subsetores da cadeia e gerar uma economia da ordem de US$ 1 bilhão, além de evitar emissões de 16 milhões de toneladas em equivalente de dióxido de carbono (CO2)”, calcula Lampreia, lembrando que o programa está alinhado com o comprometimento que o governo brasileiro assumiu na COP-21 (Conferência do Clima), realizada no ano passado, em Paris (França).

 

Por equipe SNA/SP

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