Após um 2017 de muitas dificuldades, a cadeia produtiva de lácteos começa a ver um horizonte um pouco mais animador para este ano. De acordo com levantamento do Cepea/USP, os preços do leite UHT (caixinha) vêm apresentando alta: de 11 de janeiro a 22 de março, as cotações praticadas pela indústria ao atacado registraram aumento acumulado de 28,4%.
A principal causa para a recuperação no preço do UHT –usado como referência para o setor—, que encerrou 2017 com queda de 17%, é a baixa oferta de matéria-prima no campo. Além disso, observa-se também uma leve retomada na demanda.
“Como o ano passado foi um período muito difícil, os produtores reduziram seus investimentos e, com isso, a oferta de leite diminuiu. Por outro lado, temos a retomada lenta e gradual do consumo das famílias. Por conta destes dois movimentos, os estoques estão ficando mais ajustados à demanda e o preço está se recuperando”, explica a pesquisadora do Cepea Natália Grigol.
No ano passado, o setor se deparou com duas situações que, juntas, derrubaram a cotação do leite. A primeira delas foi o crescimento na captação no campo, que cresceu 4%. De acordo com Natália esta é uma expansão considerada alta, resultado do preço mais convidativo do milho, usado como ração. Aliado a isto, houve recuo no consumo das famílias por conta da crise econômica do País.
“Ainda é cedo para dizer como as cotações irão se comportar este ano, mas o que já observamos é que a indústria já conseguiu passar este aumento para o atacado. Este reajuste nos preços deve chegar também aos produtores, no campo. A maior incógnita é saber como os preços se comportarão no varejo. Não sabemos até que ponto o consumidor vai absorver isto”, avalia a pesquisadora.
Ela ressalta, que além do ajuste de estoques, o País já começa a entrar no período de entressafra do leite, provocada pela redução de chuvas nas principais regiões produtoras. Este é mais um fator para elevação nos preços.
“Quanto ao consumo das famílias, sua retomada é muito lenta. Os dados já disponíveis mostram que o consumo per capita caiu 2,2% somente entre 2013 e 2016”, calcula Natália Grigol.
A pesquisadora explica que os lácteos são um dos primeiros itens a serem cortados do cardápio das famílias por não serem considerados essenciais e, aos poucos, vão sendo substituídos por outros alimentos. Justamente por conta desta substituição, o retorno ao consumo.
Equipe SNA/Rio