Setor de flores se recupera na pandemia e retoma as vendas

Mercado de flores: existem atualmente no Brasil oito mil produtores de flores e de plantas ornamentais. Foto: PxHere

Após enfrentar um período de perdas em 2020, com a implementação de medidas restritivas em razão da pandemia, o setor de flores voltou a se recuperar. Reconhecido como essencial, o segmento retomou suas vendas, mesmo com a segunda onda da Covid-19.

“As vendas serão melhores que as do passado”, afirmou o o presidente do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), Kees Schoenmaker. Com relação a datas especiais, o executivo estimou que somente no Dia das Mães, comemorado recentemente, houve aumento de 15% a 17% nas vendas.

O primeiro semestre é o período de vendas mais importante do ano para o setor. O Dia das Mães e o Dia dos Namorados correspondem a quase 40% do faturamento anual e representam a renda de milhares de famílias, informou a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

“A impressão que temos, de acordo com a nossa perspectiva e com a de parceiros, fornecedores e proprietários de outras floriculturas, é de que a demanda (em maio) aumentou comparando-se aos mesmos meses de anos anteriores a 2020”, reforçaram os empresários Gabriel Calil e Rayssa Figueira, da Zen Flores e Plantas.

“Aumentamos as vendas de fim de ano (Natal e réveillon), do Dia Internacional da Mulher, e tivemos um aumento impressionante de 80% nas vendas neste Dia das Mães, em comparação com os anos 2017, 2018 e 2019”.

Cenário favorável

Para o presidente do Ibraflor, este ano, a rentabilidade das flores está maior e a produção tem sido favorecida pelo clima mais seco, aspecto que garante uma qualidade maior às plantas, atraindo mais consumidores.

Além disso, Schoenmaker  reconheceu que o forte avanço do comércio digital, incluindo sites, redes sociais e serviços de delivery, também está contribuindo para o aumento da comercialização no varejo. “Quem não se adaptou, não aumentou as vendas e sofreu com essa segunda onda da pandemia”.

Por sua vez, Calil e Figueira observaram que, desde o início do isolamento social, as pessoas tiveram suas atividades limitadas e permaneceram muito mais tempo em casa, e algumas ainda estão em sistema de home office.

“A busca por um reconexão com a natureza, com aquilo que é essencial, e a vontade de trazer mais acolhimento, aconchego e bem- estar para o seu próprio lar, vem crescendo cada vez mais. É um mercado que está mesmo em expansão”, destacaram os empresários.

Produção

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem atualmente no País oito mil produtores de flores e de plantas ornamentais. Essas propriedades cultivam mais de 2,5 mil espécies de 17,5 mil variedades, segundo dados do setor.

O Estado de São Paulo lidera o ranking de produção e consumo nacional de flores e plantas ornamentais e se caracteriza pela evolução tecnológica e organização setorial. Minas Gerais, Ceará, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul também se destacam no cenário brasileiro.

Agroindústria

No caso do Rio de Janeiro, a Federação das Indústrias do estado (Firjan) mantém um grupo executivo voltado para a agroindústria que tem a floricultura como um de seus principais projetos, junto a outros setores como o de fruticultura irrigada e indústria de base florestal.

“O Rio já foi o principal produtor de flores e ícone do paisagismo nacional”, lembrou o diretor jurídico da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Frederico Price Grechi.

Segundo ele, o grupo executivo da Firjan, que tem como objetivo a implementação de ações para atrair novos investimentos, disseminar informações tecnológicas e de mercado e promover parcerias público-privadas, está trabalhando para expandir o setor de flores no estado.

“O grupo apoia a a criação e a implantação de projetos setoriais de caráter estruturante para promover o desenvolvimento do interior do estado (regiões norte e nordeste), com geração de empregos e aumento de renda”, ressaltou o diretor da SNA.

Consumo

Quando se trata de consumo de flores, a preferência dos brasileiros é por flores de corte, como rosas, crisântemos, astromélias, lírios e lisiantos. Mas, com a restrição de eventos no País, em razão da pandemia, as flores de vaso como as orquídeas, kalanchoes (flor da fortuna) e antúrios, entre outras, ganham cada vez mais destaque.

A demanda pela orquídea fica evidente nos dados de importação. Em 2020, mesmo com as dificuldades da pandemia e com a alta do dólar, o Brasil importou mais de US$ 20 milhões, sendo 64% das importações originadas da Holanda. O principal produto de importação do setor, que correspondeu a 98% do valor, foram as mudas de orquídeas.

Redução

Com as medidas de restrição provocadas pela pandemia, em 2020 o setor de floricultura teve redução de quase 40% na comercialização de plantas de corte, o que representou um total aproximado de R$ 800 milhões. Esse prejuízo no segmento foi estimado em R$ 150 milhões para os produtores, R$ 200 milhões para os atacadistas e R$ 450 milhões para os varejistas.

 

Fontes: Diário do Comércio/IBGE/CNA

Equipe SNA

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