Setor de biodiesel do Brasil indica estar pronto para o B12, aliviando a importação de diesel

A indústria de biodiesel do Brasil avalia que poderia atender prontamente a um eventual aumento de 2% na mistura no diesel, para 12% (B12), estimando como consequência uma redução de quase 7% nas importações do combustível fóssil, diante de um cenário com riscos de escassez decorrentes da guerra na Ucrânia.

A capacidade de produção de biodiesel é suficiente para atender misturas acima de B15, mas o Brasil está na entressafra da soja, e neste momento a disponibilidade da principal matéria-prima do setor seria suficiente “para atender o aumento imediato da mistura de biodiesel no diesel comercial para B12”, informou a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

“Para isso, podem ser utilizados estoques de soja para promover um esmagamento superior a 48 milhões de toneladas de soja, bem como destinar parte do estoque final e das exportações de óleo para uso interno”, disse o economista-chefe da Abiove, Daniel Furlan Amaral, ao ser questionado pela Reuters.

O Brasil tem exportado grandes volumes de óleo de soja, com boas margens de esmagamento favorecendo a sua produção, que responde por mais de 70% da matéria-prima do biodiesel. O processamento da oleaginosa em 2022 está estimado, até o momento, em recorde de 48 milhões de toneladas, também com forte demanda por farelo de soja pela indústria de carnes.

Importações

Com um B12, a Abiove estima que as importações de diesel pelo País poderiam recuar 6,70% no segundo semestre, ou 660 milhões de litros.

As importações do combustível mais vendido no País poderiam perder força após uma disparada no início do ano, quando subiram quase 25% no primeiro quadrimestre, também por conta da menor mistura do biocombustível determinada pelo governo, devido aos maiores custos com o produto renovável.

Contudo, a menor importação de diesel e maior uso de biodiesel poderia elevar os custos dos consumidores, na avaliação do analista de petróleo e derivados da consultoria StoneX, Pedro Shinzato.

“O cobertor está curto, se aumenta mistura, sobe o preço. O biodiesel é mais caro que diesel fóssil. Se reduz a mistura precisa importar mais diesel fóssil… não tem solução fácil”, disse ele, notando que o biocombustível (sem impostos) é negociado a R$ 7,37 o litro (base ANP), enquanto o produto da Petrobras (também sem taxas) é vendido a R$ 4,93/litro.

Oportunidade

Mas a Abiove ponderou que o diesel brasileiro está abaixo da paridade de importação, o que abre oportunidade ao biodiesel.

“Considerando que há um indicativo de que as refinarias brasileiras estão trabalhando próximas do seu limite e que o diesel mineral nacional está abaixo da paridade de importação, o setor entende que o aumento da mistura do biodiesel tende a substituir o diesel mineral importado”, disse Amaral, da Abiove.

A associação de produtores de biodiesel Aprobio também defendeu a adoção e a viabilidade do B12, no contexto de aumento dos preços internacionais do diesel e da defasagem do valor no País, do aumento da necessidade da importação e da potencial crise de abastecimento do produto no cenário de conflito na Europa e maior demanda no segundo semestre.

“Nosso setor de biodiesel já manifestou ao governo federal, se este entender necessário, que tem condições de atender ao mercado com uma mistura de 12% (B12)”, indicou o presidente do Conselho de Administração da Aprobio, Francisco Turra, em nota.

 

 

Fonte: Reuters

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