Setor de biocombustível investe bilhões na construção de novas esmagadoras, mas ainda sem previsão para B15

A Lei do Combustível do Futuro, sancionada pelo Governo Federal em outubro do ano passado, está gerando um efeito colateral positivo para o Brasil, uma vez que a iniciativa tem incentivado o aumento de investimentos na construção de novas fábricas de esmagamento de grãos. Mas às vésperas de o B15% entrar em vigor, conforme aprovado pelo Programa Combustível do Futuro, o Governo Federal voltou trás causando o descontentamento do setor.

De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), estima-se que pelo menos R$ 6.7 bilhões serão injetados em novas estruturas industriais com projetos para entrar em operação entre 2025 e 2027. Um cenário de gigantes investimentos em meio a um futuro incerto.

Quebra de acordo

Na última nesta terça-feira (18/02), o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) decidiu alterar o cronograma de evolução da mistura do biodiesel ao diesel fóssil acordado em dezembro de 2023; ma oportunidade, aprovado no Programa Combustível do Futuro, que previa a adoção de 15% (B15%). Mas até o momento, a mistura será mantida em 14%.

Para a Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio), “parecia inconcebível ter uma quebra de compromisso estabelecido pelo país nesse processo de transição energética a partir da aprovação do Combustível do Futuro. Porém uma visão equivocada do impacto da evolução da mistura de biodiesel na inflação vai comprometer o desempenho em toda a cadeia produtiva, colocando em risco altos volumes de investimentos anunciados”, enfatizou Francisco Turra, pres. do Conselho de Administração da Aprobio.

A Aprobio destacou que o valor do biodiesel está em queda em função da redução do valor do óleo de soja e da desvalorização do dólar.

INVESTIMENTOS DO SETOR

Cooperativas da região Sul estão liderando a quantidade de novos projetos neste setor, atualmente responsáveis por 35,3% de todo o volume de soja processado no Brasil, ficando atrás apenas do Centro-Oeste que, ainda segundo a Abiove, esmaga 43,8% do total.

Sul

No Paraná, onde haverá três grandes projetos, o destaque é para o Grupo Potencial, atuante na produção e distribuição de combustíveis. A empresa vai dar início à construção de uma esmagadora com o intuito de produzir biodiesel. De início, sua capacidade de esmagar soja deve chegar a 3.500 toneladas por dia.

Em uma fase seguinte, o grupo pretende ampliar sua estrutura, aumentando também sua capacidade para 7 mil toneladas de soja esmagada por dia. O projeto terá investimento de R$ 2.5 bilhões e deverá ser inaugurado em 2026.

Centro-Oeste

Outro investimento bilionário está sendo feito pela Comigo, maior cooperativa de Goiás. Ao todo, estão sendo aplicados recursos na ordem de R$ 1.3. bilhão para a construção de uma nova esmagadora de soja na cidade de Palmeirais (GO), que terá capacidade diária de esmagar até 5 mil toneladas da oleaginosa. A indústria deve ser entregue até o final deste ano.

Já no Mato Grosso do Sul, a Cooperativa Agrícola Sul-Mato-Grossense (Copasul) vai injetar R$ 1.013 bilhão em uma esmagadora em Naviraí com início de operação previsto para março de 2027.

Norte

Também motivada pela Lei do Combustível do Futuro, a empresa Juparanã, em Paragominas (PA), trabalha com produção e venda de grãos, está com o olhar à frente e está construindo uma esmagadora com capacidade de processar 3 mil toneladas de soja/dia, tendo como resultado a produção de .200 toneladas de farelo e 600 toneladas de óleo de soja.

MAPA

De acordo com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, o CNPE deverá se reunir dentro dos próximos 60 dias para reavaliar a retomada do calendário de aumento da mistura do biodiesel ao diesel fóssil, de 14% para 15%.

O governo interrompeu o aumento da mistura, programada para entrar em vigor 1º de março, julgando necessário aguardar uma acomodação maior nos preços do biocombustível e do óleo de soja no mercado, segundo Fávaro declarou à imprensa.

Por Larissa Machado
Com informações da Abiove, Aprobio e MAPA
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