As cotações do arroz gaúcho se mantêm com desempenho levemente negativo ao longo de setembro, com mínimas oscilações, praticamente repetindo a performance de agosto. Isso levou as cotações de volta as referências do final de julho. Até esta quarta-feira (28), o indicador registra preço médio de R$ 49,54 por saca de 50 quilos (58 x 10) à vista, no Rio Grande do Sul, fechando oito dias de operação abaixo dos R$ 50,00 e acumulando retração de 1,65%.
Um dia antes a situação era ainda pior, com cotação média de R$ 49,45, nove centavos abaixo. Em dólar, pelo câmbio de quarta-feira, a saca de arroz equivale a US$ 15,36. Os últimos dias têm sido marcados pelos produtores mais concentrados em suas operações de preparo final dos solos e semeadura e em busca da viabilidade do plantio. As indústrias, por sua vez, seguem retraídas, apostando no aumento de oferta dos produtores que ainda dispõem do cereal por conta dos dois vencimentos de parcelas no mês que vem.
A movimentação de importação continua aquecida e os preços em dólar seguem dificultando a competitividade brasileira no exterior. Apesar disso, o esforço da Apex-Brasil e da Abiarroz está mantido, e as empresas nacionais de arroz estão na Agroalimentária, no Peru, principal feira de alimentos da América Latina, apresentando o projeto Brazilian Rice. Os peruanos são os principais consumidores de arroz per capita nas Américas.
Adidos agrícolas brasileiros ampliaram os movimentos no sentido de concretizarem acordos bilaterais em incentivo às exportações agropecuárias e incluíram o arroz na pauta de tratativas também na Ásia – onde uma comitiva acompanhou o ministro Blairo Maggi, da Agricultura, em visita oficial, na última semana, à África e à América do Norte.
Safra
O Rio Grande do Sul deve encerrar esta semana com pelo menos 12% da área semeada, depois de ter alcançado perto de 6% na semana que passou. O tempo seco vem ajudando nas operações, embora o frio atrapalhe a germinação e/ou emergência das plantas. Irga e Emater/RS acreditam numa área total semeada próxima de 1.090 de hectares no estado, e produção total entre 8.2 e 8.5 milhões de toneladas, se o clima se mantiver entre o normal e a ocorrência de La Niña de fraca intensidade, que são os prognósticos dos meteorologistas.
Em Santa Catarina também o plantio já começou, especialmente no Vale do Itajaí, onde é mantido o sistema de cultivo do rebrote, mediante a antecipação da semeadura da “primeira lavoura”. No estado, a cultura do arroz irrigado não deverá ter grandes alterações porque as áreas de produção catarinenses já estão consolidadas. A expectativa da Epagri é de um aumento de 0,45% da área plantada.
O clima deve ajudar a elevar a produtividade em relação ao ano passado, resultando em colheita de pelo menos 1.1 milhão de toneladas. O sistema de cultivo mínimo segue avançando entre os catarinenses para reduzir os problemas com ervas daninhas com o sistema pré-germinado, que já chegou a dominar 100% da área. Estima-se que o cultivo mínimo o deve alcançar quase 50% da área semeada nesta temporada.
Santa Catarina seguirá precisando adquirir pelo menos 500 mil toneladas de arroz no Rio Grande do Sul ou em países vizinhos para atender à demanda de seu parque industrial.
No Mato Grosso, a expectativa inicial é de manutenção da área plantada, mas a semeadura só deve começar no final de outubro em algumas regiões. A competição de áreas com a sucessão soja e milho é grande, em função da liquidez e valorização da oleaginosa. A tendência é de uma presença maior do arroz na safrinha, em sucessão à soja super precoce, o que não foi possível na temporada passada por causa do clima.
No Mato Grosso do Sul, que deve cultivar pouco mais de 20 mil hectares, a semeadura já começou. A novidade é que em algumas áreas de várzeas, até então apenas utilizadas com arroz e pastagens, estão sendo aplicadas as tecnologias difundidas pelo Irga e Embrapa para o cultivo da soja. Esse movimento deve reduzir ainda mais a presença do arroz em terras pantaneiras.
Conjuntura
A conjuntura de preços deve se manter até com o aumento de pressão sobre as cotações nos próximos dias no mercado livre, em função dos dois vencimentos de parcelas do custeio passado – para quem não teve grandes prejuízos com o El Niño. Ao mesmo tempo, deve aumentar a parcela de arrozeiros que tiveram perdas e que precisam pagar o “sinal” do refinanciamento do custeio aos bancos. Além disso, aqueles produtores que ainda não conseguiram financiamento da próxima lavoura seguirão buscando meios de obter recursos, mesmo pagando mais caro pelo dinheiro – ou insumos, diretamente. Toda essa conjuntura deve manter os preços abaixo de R$ 50,00.
A realização de mais um leilão de 35 mil toneladas de arroz da Conab, na semana que vem, e um do Irga na semana atual, ainda que não sejam volumes significantes, também dão suporte à oferta.
Para ampliar os fatores em 12 dias, a Conab deve anunciar seu levantamento de intenção de safra, com um aumento significativo da produção no sul do Brasil – pelo fator climático, principalmente, e os preços remuneradores a partir de junho. A medida sempre gera nova leitura do mercado pela indústria. Além disso, no mesmo período serão divulgados os relatórios da balança comercial, que mais uma vez deve ser negativa. Razões de sobra para que as cotações não reajam até o final da primeira quinzena de outubro.
Mercado
A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica preço médio de R$ 49,70 para a saca de arroz de 50 quilos, em casca (58 x 10), à vista, no mercado livre gaúcho. A saca de 60 quilos de arroz branco (tipo 1) é cotada a R$ 100,00. A menor demanda de quebrados de arroz para exportação, registrada desde agosto, também enfraqueceu os preços do canjicão – de R$ 58,00 para R$ 55,00 – e da quirera – de R$ 57,00 para R$ 53,00 – em menos de um mês. Ambos os produtos cotados em sacas de 60 quilos.
Quem continua firme nos preços é o farelo de arroz, em função das dificuldades de abastecimento de milho nos polos de produção de rações. Sendo assim, a tonelada do farelo de arroz segue cotada a R$ 690,00, colocada nas indústrias de Arroio do Meio (RS).
Fonte: Planeta Arroz