Sem hotéis e self-service, vendas de hortifrútis são impactadas

As medidas de isolamento social, a fim de conter o avanço da Covid-19, reduziram parcialmente as atividades em restaurantes (autorizados a operar somente com atendimento delivery ou para retirada no balcão) e paralisaram o turismo no Brasil e no mundo.

Mesmo com a flexibilização gradual da economia em algumas cidades brasileiras neste mês, a retomada da “normalidade” deve ser ainda mais lenta para alguns segmentos, os quais podem continuar refletindo na demanda por hortifrútis.

O modelo de restaurantes com buffet, o popular self-service, por exemplo, ainda deve enfrentar restrições por um período mais longo que os demais, tendo em vista que precisa se adaptar às novas regras de distanciamento social.

Estes locais usualmente atraem um grande fluxo de pessoas e o compartilhamento de utensílios é constante, o que demandará a adoção de novos protocolos sanitários quando as atividades forem retomadas em todo o País.

A Associação Brasileira de Bares a Restaurantes (Abrasel) lançou, inclusive, uma cartilha com orientações para a futura reabertura, a qual deve ocorrer segundo critérios estaduais, ainda sem previsão exata no País.

No Brasil, o escoamento de hortifrútis para restaurantes é significativo e a dificuldade de retomada destas atividades representa um ponto negativo para o setor, já que, apesar do aumento das refeições no lar, a diversidade de alimentos é mais limitada.

Nesse sentido, outro mercado que ainda não deve ter plena retomada no curto e médio prazos é o hoteleiro, importante comprador de frutas e hortaliças no País e que também pode contar com serviços de buffet em restaurantes de suas dependências.

Hotéis

A pesquisa “Recuperação da hotelaria urbana no Brasil”, da Hotelinvest, em parceria com a Omnibees, a STR e o FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil), projeta que, em um cenário otimista, a normalização da demanda nacional hoteleira a patamares observados no pré-crise, deve ocorrer apenas em 2022. Mesmo regionalmente, a recuperação da demanda por este tipo de serviço ocorreria somente em 2021.

Até maio, segundo a FOHB, 64% dos empreendimentos hoteleiros estavam fechados no País. Isso significa que produtores e atacadistas que dependiam principalmente de redes hoteleiras devem continuar sofrendo os impactos desta queda da demanda por um período maior.

Colaboradores consultados pelo Hortifruti/Cepea informaram que as vendas de algumas frutas, especialmente mamão e melão, foram prejudicadas pelo baixo movimento dos hotéis, sendo o café da manhã bastante completo em termos de oferta de frutas.

Vale lembrar que a normalização das atividades econômicas ainda deve depender do controle da disseminação da doença, por meio de uma vacina ou tratamento definitivo, já que a população teme que novas ondas de contaminação ocorram.

Exportar é a solução?

Segundo exportadores de frutas consultados pelo Hortifruti/Cepea, as negociações com os importadores europeus (principais compradores brasileiros) foram dificultadas diante da pandemia, principalmente para aqueles que tinham maior dependência das redes hoteleiras.

Recentemente, as negociações até melhoraram, mas ainda há receio de que novos casos de Covid-19 ocorram e inviabilizem as exportações nos próximos meses. Assim, a solução tem sido inibir investimentos em área.

O setor de turismo europeu, além de ser um importante destino para as exportações brasileiras de fruta, também é fonte de renda considerável para o bloco da União Europeia.

Assim, visando a recuperar parte dos prejuízos econômicos neste setor, a Comissão Europeia, recentemente, definiu a data de reabertura das fronteiras e as medidas de proteção necessárias para evitar a propagação do vírus entre os visitantes e a sua população – os hotéis, por exemplo, estão reabrindo aos poucos, com novos protocolos de higiene, mais rígidos.

Inicialmente, as fronteiras internas dos países membros do bloco devem ser reabertas gradualmente em junho, e as externas em julho, com algumas restrições a países que estão com muitos casos de Covid-19. No entanto, vale lembrar que cada nação tem autonomia para decidir se irá seguir essas recomendações ou não. Por enquanto, tudo indica que sim.

 

Fonte: Cepea

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