Seca histórica golpeia nova safra de cana do centro-sul

As águas de março e abril de 2021 foram escassas como pouco se viu até hoje. Elas fecharam o terceiro verão mais seco em um século e abriram o período tradicional de estiagem com umidade à míngua, afetando o principal período de crescimento da cana na região centro-sul do País para a safra 2021/22. Com a deterioração das lavouras, tradings e analistas estão reduzindo suas projeções para a temporada.

Ontem, a consultoria americana StoneX revisou as suas estimativas e indicou que, no cenário que considera mais provável, a quebra na colheita da região será de 5,80%, ou de 35.3 milhões de toneladas em relação à safra passada, e ficará em 570.2 milhões de toneladas, um patamar próximo ao dos ciclos 2014/15 e 2018/19.

A temporada 2014/15 foi marcada por uma crise hídrica principalmente em São Paulo, que afetou o abastecimento de água de diversos municípios e reduziu cerca de seis toneladas por hectare do rendimento dos canaviais no centro-sul.

No cenário provável para 2021/22, a StoneX estima um rendimento de 76,3 toneladas por hectare, com redução de 6,80%. No pior cenário traçado pela consultoria, a colheita de cana será de 567.2 milhões de toneladas, com queda de 6,30%. Já em um cálculo de perdas mais conservador, a StoneX estima uma safra de 578.1 milhões de toneladas.

Também ontem, a Pecege estimou uma colheita de 580 milhões de toneladas de cana na safra atual, 4,20% menos que em 2020/21. A estimativa se deve a perdas de produtividade com a seca, ao aumento de pragas e também à redução de área de colheita, perdida para os grãos.

Condições climáticas

As tradings já vinham reduzindo suas projeções ao longo de abril, à medida que se confirmavam as perspectivas mais pessimistas, com chuvas 67% abaixo da média histórica.

Em algumas regiões canavieiras, como Bataguassu (MS), não chove de forma significativa há quase 80 dias, enquanto a média das áreas produtoras de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná não vê precipitações há ao menos 30 dias, informou Fábio Luengo, meteorologista da Somar.

No oeste paulista, as chuvas de abril, que costumam ficar entre 50 e 100 milímetros, desta vez não chegaram a 10 milímetros, enquanto no Leste de Mato Grosso do Sul ficaram abaixo de 20 milímetros.

“Antes de abril entrar nas estatísticas como o mês mais seco em 40 anos, o verão já havia registrado o terceiro menor volume de chuvas em um século, atrás apenas das estiagens de 1984 e 2014”, disse Fábio Marin, professor de Engenharia de Biossistemas da Esalq/USP.

E as perspectivas para os próximos meses não são animadoras, já que o outono e o inverno são sazonalmente mais secos.

 

Fonte: Valor

Equipe SNA

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp