Se o clima ajudar, colheita de grãos poderá ser recorde

Após recuar na safra 2017/18, sobretudo em virtude da redução da produção de milho, a colheita brasileira de grãos poderá retomar sua trajetória de recordes neste ciclo 2018/19, que está em período de semeadura no país.

Estimativas divulgadas ontem pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam que, a partir de uma área plantada calculada entre 61.87 milhões e 63.15 milhões de hectares (foram 61.74 milhões de hectares em 2017/18), o volume total ficará entre 233.56 milhões de toneladas e 238.54 milhões de toneladas.

Se o clima continuar colaborando e o “teto” for alcançado, um novo recorde será batido, ainda que na “margem de erro”. Até agora, a maior produção da história foi na temporada 2016/17, de 238.51 milhões de toneladas. Em 2017/18, o volume caiu para 226.34 milhões de toneladas.

“As chuvas continuam em condições favoráveis, mantendo a umidade do solo e permitindo não só o plantio, mas o desenvolvimento daquilo que foi plantado”, disse Cleverton Santana, superintendente de Informações do Agronegócio da Conab. “E as perspectivas para os próximos meses é que as condições continuem favoráveis para todas as culturas”.

Com ou sem recorde, a safra continuará a ser puxada pela soja, carro-chefe do agronegócio brasileiro. Segundo a Conab, a produção da oleaginosa ficará entre 117.05 milhões e 119.43 milhões de toneladas em 2018/19, contra o recorde de 119.28 milhões de toneladas de 2017/18.

Nas contas do IBGE, que estimou a colheita de soja de 2018 em 117.7 milhões de toneladas (um recorde, mesmo menor que o recorde estimado pela Conab), a de 2019 chegará a 116.5 milhões de toneladas. A queda é creditada a uma produtividade não tão boa quanto a deste ano.

“Estados como Mato Grosso e Goiás estão até puxando (para baixo) esse rendimento, que foi muito alto no ano passado. Mas é um primeiro prognóstico e vai ser ajustado nos próximos meses”, afirmou Carlos Alfredo Guedes, gerente de Agricultura do IBGE, que projeta a colheita total de grãos em 2019 em 226.7 milhões de toneladas.

Segundo o USDA, que ontem também divulgou novo relatório sobre oferta e demanda de grãos naquele país e no mundo, a colheita brasileira de soja somará 120.5 milhões de toneladas em 2018/19, menor apenas que a americana (125.2 milhões de toneladas).

Mas tudo indica que o destaque da temporada atual, capaz de gerar um novo recorde do volume total, será a recuperação do milho, afetado por intempéries este ano. Segundo a Conab, serão entre 89.73 milhões e 91.08 milhões de toneladas, contra 80.79 milhões de toneladas em 2017/18. O USDA estima 94.5 milhões de toneladas.

Guedes, do IBGE, estima avanço, porém menor, e afirma que a recuperação virá na segunda safra. “Clima e preços estão favoráveis para isso, e a janela de plantio deverá ser melhor aproveitada, lembrando que, este ano, a semeadura atrasou porque a colheita de soja também demorou mais que o normal”.

 

Fonte: Valor Econômico

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