Santos deixa de exportar 400 mil toneladas de soja e farelo por impacto de incêndio, diz Abiove

O porto de Santos deixou de exportar 400 mil toneladas de soja e farelo de soja devido a restrições à entrada de caminhões pela margem direita, em função do incêndio em tanques de combustíveis nas proximidades da área portuária, que ocorre há uma semana, afirmaram nesta quinta-feira dirigentes da Abiove, a associação que representa as indústrias de soja no país.

As restrições para levar soja até os terminais portuários ocorrem no momento do pico de escoamento de uma safra recorde do Brasil.

Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais, o maior porto do país e o mais importante para embarques de soja deveria exportar cerca de 3 milhões de toneladas em abril, uma boa parte do volume projetado para o ano todo.

Diante das restrições, a Abiove pediu autorização à Prefeitura de Santos para que a multinacional norte-americana ADM tenha autorização para receber caminhões durante o dia, em função das maiores dificuldade da companhia, pelo fato de seu terminal estar no final do porto.

“A performance do porto de Santos está prejudicada”, disse o presidente da Abiove, Carlo Lovatelli, em entrevista à Reuters.

A soja está sendo levada para a margem direita em comboios de caminhões durante a noite, com o objetivo de minimizar perdas.

Segunda a autoridade portuária de Santos, a Codesp, os comboios da última madrugada zeraram a espera de caminhões.

De acordo com o secretário-geral da Abiove, Fábio Trigueirinho, o porto de Paranaguá, que realizou investimentos recentes para elevar sua capacidade de embarques, pode atender a demanda por soja se restrições em Santos continuarem.

O presidente da Abiove avaliou, no entanto, que os problemas recentes em Santos –que ocorreram após protestos de caminhoneiros em fevereiro, afetando o transporte de mercadorias–, não chegam a diminuir a demanda da China por soja brasileira.

Ele argumentou que os chineses não têm opção melhor no momento, uma vez que os Estados Unidos já exportaram boa parte da soja nesta época e a Argentina começa a colheita mais tarde que o Brasil.

“Não há opções (de origem de soja)… (Os problemas) não são suficientes para a China dizer ‘não vou comprar mais'”, disse Lovatelli, em entrevista na sede da associação. “Acho que não muda nada.”

A China é o maior importador de soja do Brasil, levando cerca de 70 por cento do total exportado pelos brasileiros, que disputam com os norte-americanos a liderança global na exportação do grão.

EUA, Brasil e Argentina são os três maiores produtores de soja, respectivamente. A soja foi, em março, o principal produto de exportação do Brasil. Com o escoamento da safra, a tendência é de que o grão ganhe ainda importância para a balança comercial brasileira.

A Abiove representa os principais exportadores de soja, incluindo Bunge, Cargill, ADM, Louis Dreyfus, Amaggi, entre outros.

 

 

Fonte: Reuters

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