O cenário da safra norte-americana, se confirmadas as expectativas de parte do mercado, é preocupante para o produtor brasileiro.
As avaliações são de bons números de produtividade no relatório do USDA que será divulgado na próxima sexta-feira (12).
As lavouras de soja e de milho têm os melhores desempenhos desde 1994. Com isso, parte do mercado acredita que a produtividade da soja, estimada em 52,3 sacas por hectare, deverá subir para 54 a 54,5 sacas por hectare.
Se o USDA realmente apresentar esses números de produtividade, a safra de soja norte-americana irá para o recorde de 110 milhões de toneladas. O recorde anterior tinha sido em 2015/16, quando os produtores norte-americanos colheram 106.9 milhões de toneladas.
Daniele Siqueira, analista da AgRural, não acredita, no entanto, que o USDA vá elevar tanto a produtividade neste início de agosto. Este mês ainda é um período de influências do clima sobre as lavouras.
Já as lavouras de milho estão praticamente definidas, segundo a analista. E, nesse caso, as previsões otimistas de produtividade do mercado poderão ser referendadas pelo USDA.
A produtividade média mais recente do USDA era de 175,7 sacas por hectare. As novas projeções do mercado são de produção de 180 sacas por hectare. Se confirmados esses valores, a produção total do país iria a 378.5 milhões de toneladas, um volume nunca atingido pelos EUA.
O recorde anterior ocorreu em 2014/15, quando a produção de milho foi de 361.1 milhões de toneladas.
Mercado Interno
A pergunta é o quanto o mercado já precificou essa possível alta de produtividade, segundo Siqueira. As quedas de preços da semana já podem ser um sinal dessa atenção que o mercado está dando para esses números.
O mercado brasileiro também reagiu. A queda de preços fez diminuir o ritmo de negociações. Dados da AgRural indicam que as vendas antecipadas da safra de soja de 2016/17 foram a 23% em julho, pouca diferença dos 20% de junho. Já as de milho subiram para 74%, ante 66% em junho.
A queda do dólar e o recuo de preços em Chicago – o que ocorre neste momento – são tudo o que os produtores brasileiros não querem ver.
Por Mauro Zafalon
Fonte: Folha de S.Paulo