Safras & Mercado: soja, milho e trigo – balanço semanal de 10 a 14 de julho

Após USDA, Chicago realiza lucros e trava mercado de soja

O mercado brasileiro de soja teve uma semana de comportamento bem diferenciado. Até terça-feira (11), os preços subiram e houve bom volume de negócios, acompanhando a forte alta de Chicago. Mas depois que as cotações futuras despencaram, o mercado virou: os preços caíram e o mercado travou.

Entre os dias 7 e 13 de julho, a saca de 60 quilos passou de R$ 69,00 para R$ 66,50 em Passo Fundo (RS). No Porto de Rio Grande, a cotação caiu de R$ 73,50 para R$ 71,00, após atingir R$ 76,00 na máxima. Em Cascavel (PR), a saca baixou de R$ 66,00 para R$ 65,00 no período. No Porto de Paranaguá, a cotação recuou de R$ 73,00 para R$ 72,00. Em Rondonópolis (MT), a saca caiu de R$ 63,00 para R$ 60,50. Em Dourados (MS), a cotação caiu de R$ 59,50 para R$ 58,00, enquanto em Rio Verde (GO), a saca caiu de R$ 63,00 para R$ 60,00.

O desempenho do mercado interno acompanhou a Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT). Os contratos com vencimento em agosto acumularam uma queda de 2,54%. A posição iniciou a semana cotada a US$ 10,01 o bushel. Chegou a atingir US$ 10,29 ¼ na terça-feira e fechou a quinta-feira (13) cotado a US$ 9,75 ½.

O mercado vinha sendo sustentado pelas previsões de clima seco e temperaturas elevadas para o Meio Oeste americano. Foram 11 sessões consecutivas de alta. Mas a partir de quarta-feira (12), após a divulgação do relatório de julho do USDA, as cotações despencaram.

O relatório elevou a sua estimativa de safra de soja 2017/18 e reduziu as projeções para os estoques em 2017/18 e em 2016/17. A produção foi elevada de 4.255 bilhões de bushels, o equivalente a 115.8 milhões de toneladas, para 4.260 bilhões ou 115.94 milhões de toneladas. No ano anterior, a produção foi de 117.2 milhões de toneladas. O mercado esperava 115.4 milhões de toneladas.

Os estoques finais em 2017/18 estão estimados em 460 milhões de bushels ou 12.52 milhões de toneladas. O mercado trabalhava com um número de 483 milhões de bushels ou 13.15 milhões de toneladas. Em junho, a estimativa foi de 495 milhões de bushels ou 13.47 milhões de toneladas.

Para a safra 2016/17, o USDA reduziu a estimativa de 450 milhões de bushels (12.25 milhões de toneladas) para 410 milhões de bushels (11.16 milhões de toneladas). O mercado projetava estoques de 434 milhões de bushels ou 12.25 milhões de toneladas.

O USDA estimou as exportações para 2017/18 em 2.150 bilhões de bushels, repetindo o mês anterior. Para 2016/17, a estimativa foi elevada de 2.050 bilhões para 2.1 bilhões de bushels. O esmagamento está estimado em 1.95 bilhão de bushels para 2017/18, repetindo o número de junho. O esmagamento para a safra 2016/17 recuou de 1.91 bilhão para 1.9 bilhão de bushels.

Para completar o quadro negativo, o dólar caiu 2,28% na semana, em meio a avanços nas reformas, notícias políticas positivas aos olhos do mercado e também seguindo a tendência externa. A moeda encerrou a quinta-feira cotada a R$ 3,210.

 

USDA eleva estimativas de produção e estoques de milho nos EUA

O relatório de oferta e demanda de julho do USDA, divulgado nesta quarta-feira (12), foi baixista para o milho, causando fortes quedas na CBOT. O USDA elevou as estimativas de produção e dos estoques de milho para a safra 2017/18 acima das expectativas do mercado.

O USDA previu que safra 2017/18 americana deve atingir 14.255 bilhões de bushels, contra os 14.065 bilhões de bushels estimados no mês passado, enquanto o mercado projetava uma produção de 14.074 bilhões de bushels. A produtividade média foi mantida em 170,7 bushels por acre, enquanto o mercado esperava uma produtividade de 168,9 bushels por acre.

Os estoques finais de passagem foram estimados em 2.325 bilhões de bushels, contra os 2.110 bilhões de bushels do relatório anterior e acima dos 2.131 bilhões de bushels esperados pelo mercado. As exportações foram estimadas em 1.875 bilhão de bushels, e o uso de milho para a produção de etanol foi previsto em 5.5 bilhões de bushels, sem alterações em relação aos números estimados em junho.

Para a safra 2016/17 dos Estados Unidos, o USDA estimou os estoques finais de passagem em 2.370 bilhões de bushels, acima dos 2.295 bilhões de bushels indicados em junho, enquanto o mercado esperava um estoque de 2.336 bilhões de bushels.

Mundo

A safra global 2017/18 foi estimada em 1.036.9 bilhão de toneladas, contra as 1.031.86 bilhão de toneladas, estimada em junho. Os estoques finais da safra mundial 2016/17 foram projetados em 200.81 milhões de toneladas, acima das 194.33 milhões de toneladas estimadas no mês passado, enquanto o mercado trabalhava com uma expectativa de 195.2 milhões de toneladas.

 

Plantio do trigo se encaminha ao fim no sul, atento a clima

Os preços internacionais sofreram o segundo tombo seguido depois da divulgação do relatório de oferta e demanda do USDA. Segundo o analista de Safras & Mercado, Élcio Bento, a surpresa dos números ficou por conta da estimativa de estoques norte-americanos em alta quando comparado aos divulgados no mês anterior.

“O quadro global ainda é de recuo da produção em importantes fornecedores, como os Estados Unidos, o Canadá e a Austrália, o que garante suporte fundamental para que as cotações permaneçam acima dos patamares da temporada anterior. Porém, a leitura do USDA de que haverá maior demanda por trigo norte-americano, reduzindo as exportações, foi o motivo que os investidores precisaram para realizar parte dos fortes ganhos acumulados nas últimas semanas”.

No âmbito doméstico, a recente correção interna veio acompanhada da desvalorização do dólar, especialmente depois da condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a nove anos e seis meses de prisão, pelo juiz federal Sergio Moro. “Com preços internacionais mais baixos e dólar mais fraco, o custo de importação, referência para o mercado doméstico, é reduzido. Isso pode atenuar a recuperação dos preços domésticos. O viés segue sendo de alta, principalmente, em função do período sazonal de entressafra”, disse o analista.

Plantio no Sul

No Paraná, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), os trabalhos de plantio atingem 98% da área estimada para o estado, de 992.470 hectares. A área deve recuar 10% frente aos 1.099 milhão de hectares cultivados na safra 2015/16. De acordo com o Deral, 87% das lavouras estão em boas condições, 12% em condições médias e 1% em situação ruim, divididas entre as fases de germinação (5%), crescimento vegetativo (65%), floração (21%) e frutificação (9%).

O Deral estima a produção 2016/17 de trigo do Paraná em 3.068 milhões de toneladas, com queda de 12% em relação as 3.486 milhões de toneladas da safra passada. A produtividade média é estimada em 3.140 quilos por hectare, com queda de 1% frente aos 3.171 quilos por hectare obtidos na temporada 2015/16.

Já no Rio Grande do Sul, a continuidade de clima seco e das temperaturas elevadas, com um longo período sem precipitações, ocasionou a redução da umidade do solo e a consequente paralisação do crescimento das plantas de trigo. O solo muito seco e compactado dificulta o desenvolvimento das raízes superficiais e o desenvolvimento normal das plantas.

Quando revolvidos para o plantio, os solos apresentam grandes volumes de torrões e dificuldades para a descompactação, prejudicando o avanço ou mesmo a finalização do plantio, que chega a 87% da área prevista para o estado, contra a média de 92% para o período.

USDA

O USDA divulgou, na última quarta-feira (12), o seu relatório de oferta e demanda para o trigo dos Estados Unidos e do mundo. A safra 2017/18 do cereal no país é estimada em 1.76 bilhão de bushels contra os 1.824 bilhão de bushels em junho e os 2.31 bilhões de bushels produzidos em 2016/17. O mercado esperava uma produção de 1.75 bilhão de bushels.

Os estoques finais dos EUA em 2017/18 foram projetados em 938 milhões de bushels, contra 924 milhões de bushels do mês passado e bem abaixo dos 1.184 bilhão de bushels estimados para 2016/17. O mercado esperava 879 milhões de bushels.

A safra mundial de trigo em 2017/18 foi estimada em 737.83 milhões de toneladas, contra 739.53 milhões de toneladas em junho. Para a safra 2016/17, o número ficou em 754.31 milhões de toneladas. Os estoques finais globais em 2017/18 foram estimados em 260.6 milhões de toneladas, contra 261.19 milhões de toneladas em junho. O mercado previa as reservas em 256.6 milhões de toneladas. Para 2016/17, o número ficou em 258.05 milhões de toneladas.

 

Fonte: Agência Safras

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