A expectativa de aumento da safra 2013/2014 e os problemas recentes com pragas e doenças nas lavouras, com destaque para o cultivo de soja no estado do Mato Grosso, devem favorecer o aumento do volume importado de defensivos agrícolas, superando o desempenho do ano passado. De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), estes produtos são o segundo principal da lista de itens comprados lá fora por agricultores do Brasil, atrás somente dos fertilizantes.
Em 2012, foram importadas em torno de 297 mil toneladas, o que respondeu por um aumento de 11% em relação ao ano anterior. Com o desempenho, o país mantém a posição de segundo maior mercado mundial para defensivos agrícolas, atrás somente dos Estados Unidos, cujas comercializações movimentaram cerca de R$ 26 bilhões no ano passado.
Em relação à fabricação interna do produto, o desempenho brasileiro é baixo: o Sindiveg aponta que são produzidos aqui apenas 10% dos quase 300 ativos químicos utilizados no campo. Custos de produção e excesso de burocracia são apontados como entraves para o crescimento do mercado interno de defensivos.
De acordo com o gerente de Informação da entidade, Ivan Sampaio, a previsão é de que a importação destes produtos cresça entre 10 e 15% em 2013, um resultado abaixo dos 25% obtidos no ano passado, em relação a 2011. “O aumento deve ocorrer, principalmente, para o segmento de inseticida em virtude do surgimento da praga helicoverpa nas lavouras do Mato Grosso e Bahia”, ressalta.
Segundo Sampaio, hoje, o plantio de soja consome 47% do mercado de defensivos no Brasil. “Somando às culturas de milho, algodão e cana-de-açúcar, o consumo chega a 80% do volume importado”, destaca o gerente.
FISCALIZAÇÃO
Se o setor comercial externo tem motivos para comemorar os bons números, os consumidores nem tanto. É que uma pesquisa divulgada recentemente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), conforme monitoramento do último Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (2011/2012), revelou que 36% das amostras de 2011 e 29% das amostras do ano passado registraram a presença de defensivos agrícolas acima do limite permitido e/ou de produtos não autorizados no Brasil.
Proprietário de uma lavoura de legumes no município de Rio Verde, no Sudoeste de Goiás, o agricultor José Marcos da Silva Silveira, de 48 anos, assume que faz uso de defensivos para proteger a plantação. “O problema é que somos assediados pelo mercado negro que oferece produtos genéricos, muitas vezes, proibidos de serem comercializados no Brasil. Falta fiscalização, mas, como prezo pela saúde da minha clientela e da minha família, eu só faço uso de defensivos autorizados e na medida certa”, garante o produtor.
Para diminuir o impacto dos defensivos agrícolas nos alimentos, por exemplo, a Anvisa criou um grupo de trabalho que discutirá as formas de rastrear a distribuição de frutas, legumes e verduras em todo o país. O objetivo é definir normas para que possa ser realizado um mapeamento dos produtores destes alimentos, para facilitar a fiscalização do uso de defensivos.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), por sua vez, vem auxiliando aos agricultores com ações que visam promover a utilização correta destas substâncias, embora a fiscalização seja de competência dos governos estaduais e no Distrito Federal, destaca Rafael Barrocas, fiscal federal agropecuário do órgão. “Cabe ao Ministério o registro de defensivos agrícolas e a fiscalização às agências estaduais de agricultura”, ressalta. De acordo com ele, por meio do Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes (PMCRC), são coletadas amostras no campo que são levadas para análise se existe ou não aplicação de agrotóxico em excesso e/ou proibido.
Curso da SNA
A Sociedade Nacional da Agricultura oferece o curso Manejo e Aplicação de Defensivos Agrícolas, por meio da Escola Wencesláo Bello, na Penha, bairro do Rio de Janeiro. Seu objetivo é capacitar trabalhadores no manejo e aplicação de agrotóxicos com eficiência, dentro das normas de segurança, bem como promover a conscientização referente às questões ambientais, sociais e legais envolvidas. Para mais informações, inclusive de outros cursos, acesse: https://sna.agr.br/extensao.
Por equipe SNA/RJ