Safra recorde de soja no Brasil indica grande ano para máquinas agrícolas no país

Os fabricantes de máquinas agrícolas no Brasil estimam fortes vendas para este ano, com impulso de uma segunda grande safra de soja e pelo aumento nos preços dos grãos, que vão compensar a fraqueza do setor de cana-de-açúcar.

Alguns produtores de máquinas preveem aumento nas vendas de até 8% em 2018, já que a confiança dos agricultores está aumentando e as taxas de juros estão em níveis historicamente baixos, o que incentiva financiamentos e investimentos.

“No fim, tudo se resume aos preços da soja. Se forem assim bons, o produtor decidirá comprar”, disse Rodrigo Bonato, diretor de vendas da América Latina da fabricante de máquinas John Deere, da Deere & Co, durante entrevista na semana passada na Agrishow, maior feira de agronegócio do Brasil.

Segundo Bonato, depois que as duas últimas safras de soja do Brasil estabeleceram recordes históricos, os produtores devem impulsionar os investimentos e melhorar a eficiência. A Deere investiu US$ 500 milhões na última década no Brasil, onde vê as vendas crescerem 5% em 2018.

Apesar de o setor agrícola brasileiro ter sido uma rara luz na profunda recessão dos últimos anos, a desaceleração econômica também afetou agricultores, fazendo com que a recuperação gradual da economia seja uma faísca para novos investimentos.

O IC Agro, índice de confiança do produtor medido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), atingiu alta de mais de quatro anos no primeiro trimestre. “Mesmo que o setor agrícola não tenha sofrido muito durante a recessão, os agricultores seguraram os investimentos”, disse Fernando Gonçalves, presidente-executivo da Jacto, produtora brasileira de equipamentos.

“Mas olhe para a confiança deles agora. Está de volta”, observou ele, prevendo que o crescimento das vendas na Jacto esteja entre 5% e 8% em 2018. Isso representa o dobro da previsão de crescimento de 3,7% para as vendas de máquinas da associação das montadoras, a Anfavea.

Os empréstimos também estão ficando mais fáceis, já que a baixa inflação permitiu que o Banco Central reduzisse a taxa básica de juros para um nível histórico, com outro corte esperado em maio.

O banco Santander Brasil SA estava oferecendo R$ 1 bilhão de linhas pré-aprovadas na Agrishow para financiar as vendas de equipamentos, ao expandir negócios em um setor tradicionalmente dominado pelo Banco do Brasil.

O Santander abriu, desde o ano passado, 16 lojas dedicadas a empréstimos agrícolas em estados produtores de grãos, como Mato Grosso e Goiás, e contratou 60 agrônomos para sua operação comercial. “Você precisa falar a língua dos agricultores”, disse Paulo Cesar Bertolane, supervisor de produtos do banco.

Cana

A grande exceção no entusiasmo na Agrishow foi referente ao setor de cana-de-açúcar, no qual as vendas estagnaram, já que os preços do açúcar estão perto dos níveis mais baixos desde o final de 2015 e as usinas adiam os investimentos.

Marco Antônio Gobesso, diretor de vendas de maquinário de cana da unidade brasileira da Agco Corp, afirmou que as vendas caíram no ano passado e tiveram queda de 20% nos quatro primeiros meses deste ano, em relação ao mesmo período em 2017.

Em resposta, a Agco cortou sua capacidade de geração de produtos para a cana em suas fábricas em Ribeirão Preto e abriu em janeiro uma linha dedicada à fabricação de pulverizadores para plantações de grãos.

 

Fonte: Reuters

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