Safra de trigo em 2021 registra produção histórica com 7.8 milhões de toneladas

A safra de trigo de 2021 chegou ao seu fim e o Brasil registrou a maior produção do cereal em sua história, com 7.8 milhões de toneladas. O melhor desempenho tritícola brasileiro ocorreu apesar de diversos problemas, tais como a falta de chuvas em alguns momentos e fortes geadas em outros.

Algo que pesou definitivamente na decisão de plantio dos agricultores foi a valorização do cereal, que se mostra escasso no mercado doméstico. Tratado como cultura marginal por longo período, o trigo vem ganhando papel protagonista nos últimos anos.

“Meu pai foi um dos primeiros da região a plantar trigo. Ele sempre foi uma pessoa pioneira e que gostava de investir em inovação. O trigo foi muito importante para a família. Tudo começou com ele. Em meados dos anos 1980, tivemos épocas com problemas de vendas. Hoje em dia está melhor e no último ano os preços foram excelentes”, disse o produtor Manoel Gomes.

Segundo dados divulgados em dezembro pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) do Ministério da Agricultura, o Brasil produziu, na safra 2021, 25% a mais do que na safra anterior. Apenas no Rio Grande do Sul foram 3.4 milhões de toneladas, segundo a Emater/RS.

A área plantada de 1.17 milhão de hectares foi a segunda maior da última década, e a produtividade média de trigo no estado cresceu cerca de 31% em comparação à safra anterior, passando de 2.207 kg/hectare na safra 2020, para 2.893 kg/hectare em 2021.

Paraná

Por outro lado, no Paraná, a produção ficou abaixo do esperado, mas ainda assim apresentou números relevantes. “Havia a expectativa da produção recorde de quase quatro milhões de toneladas de trigo, porém, com a ocorrência de alguns problemas climáticos, o estado colheu 3.2 milhões de toneladas”, indicou o analista de trigo do Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral), Carlos Hugo Godinho.

Dentre os problemas que resultaram na redução do volume colhido, estão as chuvas em pré-colheita, vistas em algumas regiões, e a ocorrência de geadas. “Mas de maneira geral, a seca foi o fator mais impactante dessa safra”, disse Godinho.

Falta de chuvas

Segundo o gerente comercial para a América Latina da Biotrigo Genética, Fernando Michel Wagner, as regiões mais quentes do Brasil que semeiam trigo em sequeiro tiveram na falta de chuvas o maior desafio dessa safra.

“Além de algumas regiões do Paraná, esse cenário se repetiu no Cerrado, oeste de Santa Catarina e Noroeste do Rio Grande do Sul”, disse Wagner.

“Junto à falta de chuvas, algumas regiões registraram excesso de umidade durante o florescimento da cultura, tendo a ocorrência de giberela, o que exigiu esforços extras no beneficiamento dos grãos e, em consequência, na comercialização.”

Destaques

As regiões do Planalto Médio e dos Campos de Cima da Serra, no Rio Grande do Sul, de Campos Novos, em Santa Catarina, e de Campos Gerais e sudoeste, no Paraná, foram fundamentais para que o Brasil registrasse essa safra recorde.

A união do clima adequado, manejo ajustado e genética de alto potencial construíram um cenário perfeito, levando as regiões à colheita de uma safra histórica.

“Apesar de termos tido algumas regiões com colheitas abaixo do esperado, justificado pelas geadas e seca, a avaliação geral é positiva. Perder uma safra é algo frustrante para a cadeia como um todo e, mesmo com intercorrências, a comercialização desta safra segue em ritmo acelerado e em ótimos patamares”, afirmou Wagner.

Segundo ele, mesmo com os custos de todas as culturas em patamares superiores comparados ao ciclo que se encerra, o triticultor obteve mostras da importância que o cereal tem na composição de sua renda. “Com um cenário de dúvidas na safra corrente de soja e milho verão, o trigo deve seguir como opção firme para 2022”, disse.

 

 

Fonte: Agrolink

Equipe SNA

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