Safra de mandioca registrará queda este ano em lavouras da Bahia e do Paraná

A safra de mandioca vai ser menor esse ano no Paraná e na Bahia. A lavoura sentiu os efeitos da falta de chuva nos dois grandes estados produtores da raiz.

A agricultora Marinalva Cerqueira está entre os 3.000 agricultores familiares que plantam mandioca em Irará, no leste da Bahia. A pequena plantação fica bem ao lado da casa onde mora.

Este ano, o tempo não ajudou muito o cultivo da mandioca. As chuvas, esperadas para o início de abril, chegaram com dois meses de atraso.

Mesmo assim, agricultora Marinalva Cerqueira não deixou de plantar. Ela tem esperança que as chuvas dos próximos meses compensem esse atraso. “É que o mês de agosto também a gente tá esperando uma chuva. Com fé em Deus. Estão todos otimistas”, disse.

A cidade de Irará é o segundo maior produtor de mandioca do estado. A última safra foi de 54 mil toneladas. Mas este ano a expectativa é de uma safra 40% menor. A falta de farinha já fez o preço mais do que dobrar. A saca, que o produtor vendia R$ 80,00 sai por R$ 170,00.

Há mais de 40 anos, Dionizio Heidmann trabalha com o cultivo de mandioca no Paraná. É tempo para o agricultor se acostumar com os altos e baixos do setor. Mas, a crise no ano passado acertou em cheio os planos do produtor. “Já enfrentamos várias, mas igual essa não teve não”, disse.

Em 2015, a tonelada da mandioca chegou a ser vendida por R$ 130,00 no Paraná. Um valor abaixo até mesmo do custo de produção, que passa dos R$ 200,00. O agricultor Dionizio Heidmann acredita que vai demorar a recuperar essa diferença. “Vai ficar ainda para pagar certeza os financiamentos desse ano”, disse Heidmann.

Hoje, o preço da mandioca reagiu. No início de julho, por exemplo, era comercializada a uma média de R$ 389,00 a tonelada, reflexo da lei da oferta e da procura. Como muitos produtores tiveram prejuízos, não foi possível investir em novas lavouras. Com isso, a área de plantio no Paraná passou de 143.000 hectares do ano passado para 131.000 hectares este ano. Assim, a raiz voltou a ficar valorizada.

Essa é uma esperança para o setor voltar a crescer. O agricultor Diolindo Heidmann, que arrenda uma área em Loanda, no noroeste do estado, só conseguiu plantar esse ano porque fez uma parceria com a indústria. “Ela está me ajudando com preparo, plantio, arrendamento e garantia de venda depois na indústria”, disse.

O Paraná é o segundo maior produtor de mandioca do país. No ano passado, chegou a colher quase 4 milhões de toneladas. Nesse ano, vai colher 200.000 toneladas a menos. O diretor da Associação Brasileira de Amido de Mandioca – ABAM disse que está preocupado com a situação.

“Teremos um segundo semestre com uma diminuição da oferta. Os produtores estão administrando, em função do preço mais alto, sua colheita e sua receita. Poderemos ter alguma dificuldade em relação à matéria-prima”, disse Ivo Pierin.

Este ano, Paraná e Bahia devem produzir juntos quase 6 milhões de toneladas de mandioca. Serão 25% do total do País.

 

Fonte: G1

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