Brasil e Estados Unidos divulgaram dados de grãos nesta quinta-feira (9 de fevereiro). A safra norte-americana, já colhida, não teve alterações. A brasileira, ainda em desenvolvimento, continua apontando para um volume ainda maior do que o previsto inicialmente.
Um dos destaques entre os dois países é a diferença de produtividade. Os americanos conseguem um desempenho bem melhor do que os brasileiros.
No Brasil, o volume produzido cresce constantemente, mesmo que a área utilizada tenha pouca alteração. Mas o caminho a ser percorrido para que o país atinja os patamares norte-americanos em alguns produtos é longo.
Um deles é o do milho. Na segunda safra do cereal no Brasil, a de maior produtividade, os produtores brasileiros retiram 5.310 quilos, em média, por hectare. Já os norte-americanos obtêm 10.958 quilos.
As condições climáticas tornam o país menos eficiente também no trigo, cuja produção média é de 2.667 quilos por hectare, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Os produtores dos Estados Unidos conseguem um volume 33% superior ao dos brasileiros.
Na soja, a diferença é menor, mas os norte-americanos obtêm 3.537 quilos por hectare, 370 mais que os brasileiros.
Recorde
A safra brasileira de grãos poderá chegar a 219 milhões de toneladas neste ano, 33 milhões mais do que a anterior. Soja e milho garantem o recorde nacional de produção, informou a Conab nesta quinta-feira. O órgão governamental elevou a estimativa da produção brasileira de soja para 105.6 milhões de toneladas. A de milho subiu para 87.4 milhões de toneladas.
Área de trigo pode ser menor neste ano
Os produtores paranaenses começam a decidir se vão ou não plantar trigo neste ano. Hugo Godinho, do Deral (Departamento de Economia Rural) do Paraná, prevê uma redução de área.
Os motivos são os de sempre, segundo ele. O produtor tem dificuldades na comercialização do produto a preços remuneradores.
Com isso, boa parte deles opta pelo cultivo do milho, um produto mais rentável. Após uma safra recorde em 2016, quando a produção nacional atingiu 6.7 milhões de toneladas, os preços de venda obtidos pelos produtores são 12% inferiores aos custos variáveis, afirma o analista do Deral.
Apesar das dificuldades do setor, Godinho aponta o quanto avançou a tecnologia de produção do cereal. Em 1987, até então o recorde de produção nacional, o Brasil semeou 3.4 milhões de hectares. No ano passado, foram apenas 2.1 milhões de hectares.
Dados desta quinta-feira do USDA indicam uma safra mundial de 748 milhões de toneladas do cereal. Essa alta se deve a um crescimento de 12% da produção norte-americana e ao bom desempenho da safra Argentina, que agora volta aos 15 milhões de toneladas.
Exportações
O Brasil deverá enviar 57.5 milhões de toneladas de soja para o exterior na safra 2016/17, segundo estimativas da Safras & Mercado. Se confirmado, esse valor supera em 10% o da safra anterior.
Demanda
A oferta total de soja no período deverá ser de 110 milhões de toneladas, 12% mais do que no período anterior. Já demanda é projetada em 102 milhões de toneladas pela Safras, 7% mais do que a anterior.
Por Mauro Zafalon
Fonte: Folha de S.Paulo