Safra: ‘Cenário para o agronegócio é positivo’, diz vice-presidente da SNA

A colheita de soja na safra 2017/18 segue e já se aproxima do fim. Mas o que chama a atenção é que continua a ser revisada para cima. Com a produtividade cada vez mais alta, o Brasil está mais perto dos Estados Unidos na liderança global da produção da commodity. Mas ainda persistem problemas pontuais, como a infraestrutura logística para o escoamento da produção.

Mesmo assim, o agronegócio exibe vigor em um cenário altamente positivo, conforme avalia o vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Hélio Sirimarco, em entrevista exclusiva na tarde desta quarta-feira, 18/4, à Safra.

“O cenário (para o agronegócio) é positivo. Com a utilização de novas tecnologias e a maior qualificação do produtor brasileiro, as perspectivas são de um aumento da produção das principais commodities. Além disso, a utilização de novas áreas para o plantio também mostra um cenário animador. O único fator que pode eventualmente afetar esse contexto são as condições climáticas”, sentencia o executivo.

As afirmações vêm em um momento de otimismo para o Brasil, já que a perspectiva de uma produção ainda maior coloca o país, principal exportador mundial da oleaginosa, em posição mais competitiva no cenário global. E os fatores que mais contribuem são a crescente tensão comercial entre os Estados Unidos e China e uma forte quebra de safra na Argentina. Na visão de Sirimarco, outro setor que pode ser mais beneficiado no atual contexto é o de carnes.

O executivo lembra a estimativa divulgada pela consultoria Safras & Mercado, na segunda-feira, 16/4, dando conta de que a safra brasileira de soja 2017/18 deverá totalizar um recorde de 119,23 milhões de toneladas, com aumento de 4,4% em relação a temporada anterior.

“Na comparação com a estimativa do mês de março, houve um aumento de quase 2 milhões de toneladas, o que coloca a safra brasileira, em fase final de colheita, mais perto da do maior produtor global, os Estados Unidos, cuja safra 2017/18 é oficialmente estimada em 119,52 milhões de toneladas”, comenta.

Falando sobre a formação de preços das principais commodities, já que o mercado interno sofre influência dos preços internacionais, ele cita o exemplo da soja, cujo preço foi impactado pela crise EUA-China, a quebra da safra argentina e a recente alta do dólar. “Os preços subiram significativamente no Brasil. Com relação aos preços no mercado interno, eles variam em função da oferta e demanda.”

Em relação aos desafios enfrentados sobretudo por produtores, Sirimarco cita como “grandes problemas” aqueles relacionados à logística e ao armazenamento. Segundo um estudo da Confederação Nacional do transporte (CNT), o Brasil possuí 25 quilômetros de rodovias pavimentadas para cada um mil quilômetros quadrados de território. Isso é 17,5 vezes menos do que a infraestrutura norte-americana oferece, com 438 quilômetros para o mesmo território.

“Investimentos, sobretudo estrangeiros, em modais alternativos, como ferrovias e hidrovias, estão começando a mudar o panorama. Mas ainda é pouco, por que o gargalo é muito grande. Segundo o Ministério dos Transportes, 61% da matriz logística dos grãos brasileiros é composta pela malha rodoviária, 21% pela ferroviária e apenas 18% pela hidroviária”, lamenta.

Sirimarco, embora realista quanto aos problemas vivenciados pelo agro, diz que a situação vem melhorando. Cita como exemplo as ferrovias, que, em 2017, transportaram 30 milhões de toneladas de soja para os portos, o que representou um aumento de 32% em relação a 2016. O transporte do milho registrou um aumento ainda maior de 75% em relação a 2016. Foram transportadas 18 milhões de toneladas.

Em relação à armazenagem, para se ter uma ideia da situação, basta pegar o exemplo de Mato Grosso, que embora lidere a produção agrícola do Brasil, totalizando 25% de toda a safra de grãos, ainda enfrenta problemas com o armazenamento de soja e milho.

“No último ano, paralelamente aos recordes registrados nas lavouras, também ocorreu o maior déficit de armazenagem da história e o Estado, que colheu 62 milhões de toneladas, amargou um déficit de estocagem para pelos menos 25 milhões deste total”, acrescenta, lembrando que os dados são do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

Considerando a margem de segurança da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), acrescenta Sirimarco, que é de 20% em cima de tudo que se produz em grão, o déficit deve aumentar 38 milhões em Mato Grosso. “O cenário se repete pelo Brasil afora. Atualmente, o País tem capacidade para estocar até 157,6 milhões de toneladas, o que significa dizer que falta espaço para estocar mais de 32% do que foi colhido no País, cerca de 75 milhões de toneladas.”

 

Fonte: Revista Safra

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