Safra brasileira de café 2023/2024 ainda é incerta

A safra 2023/2024 de café no Brasil, principal produtor mundial, enfrenta desafios e incertezas significativas. Com base nas últimas informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), espera-se que a colheita atinja aproximadamente 58,9 milhões de sacas de 60kg. Essa previsão é suportada pelo aumento projetado na produção tanto de café arábica, com uma estimativa de 40,9 milhões de sacas, quanto de café canéfora, esperando-se alcançar 18 milhões de sacas.

No entanto, o Conselho Nacional do Café (CNC), em suas considerações recentes de dezembro, destaca a incerteza que envolve a safra. Embora tenhamos visto chuvas durante o período de enchimento dos frutos, a constância e o volume dessas precipitações permanecem trazendo preocupação. As previsões meteorológicas instáveis adicionam um elemento de incerteza, tornando difícil fazer projeções precisas para o desempenho da produção.

No seu último boletim de 2023, a Organização Internacional do Café (OIC) alerta para o impacto do clima na produção global de café. A queda dos estoques mundiais em 2023 foi de 4,9 milhões de sacas, destacando os desafios enfrentados em diferentes regiões produtoras, diz a entidade.

O mercado de café também enfrenta desafios relacionados às dificuldades financeiras globais e instabilidades decorrentes de conflitos e guerras, como apontado pelo CNC. Isso afeta diretamente as projeções de consumo. Tanto o tesouro americano quanto o tesouro europeu enfrentam problemas, refletindo nas incertezas globais.

Desafios para a produção brasileira

O Conselho Nacional do Café reitera que no Brasil, diante desses desafios, a perspectiva de produção deve ser cautelosa. “A produção estimada de 58,9 milhões de sacas (IBGE), está dentro do que imaginamos ser a realidade. No entanto, ultrapassar esse limite é muito improvável. Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), a depender das previsões climáticas, conforme o XAIDA (eXtreme events: Artificial Intelligence for Detection and Attribution), um consórcio composto por 16 instituições de pesquisa climática na Europa, deve haver um possível agravamento do El Niño em fevereiro e março. Diante das incertezas presentes nos mantemos realistas”, explica Silas Brasileiro, presidente do CNC.

Imagem de jcomp no Freepik

Portanto, a safra de café 2023/2024 no Brasil enfrenta uma combinação única de fatores, desde condições climáticas imprevisíveis até desafios econômicos globais. Os produtores devem estar atentos a cada desenvolvimento, buscando adaptar estratégias para lidar com as incertezas e garantir a sustentabilidade desse setor essencial para a economia brasileira e global.

O CNC aguardará também a posição do próximo levantamento de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em 18 de janeiro, que fornecerá mais informações sobre o cenário futuro do café no Brasil.

O mercado futuro de café encerra a semana sem um caminho definido na Bolsa de Nova York (ICE Futures US). Especialistas apontam a possibilidade de que os contratos permaneçam entre 180 e 200 cents.

No último dia 11/1/24, o vencimento mar/23 – o mais líquido – fechou em alta, terminando a sessão em 184,05 centavos de dólar por libra-peso, um aumento de 1,6%. Na semana o acumulado foi de alta de 0,68% (125 pontos).

Na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), após três dias de alta, o vencimento mar/24 caiu 0,41% (12 dólares), encerrando a 2.938 dólares/t. No entanto, o ciclo semanal fechou positivo em 5,12% (U$ 143).

O dólar à vista encerrou a sessão cotado a R$ 4,8752, queda de 0,34%. Na semana, a moeda americana apresentou uma valorização de 0,06%.

A Climatempo informa que uma frente fria vai avançar pela costa do Brasil, chegando ao Sudeste, sendo que chuvas devem chegar no interior da região. Minas Gerais deve receber um volume acima de 100 mm, principalmente no sul e na zona da Mata.

No mercado físico, os pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) informaram que as cotações do café arábica e do robusta subiram ontem. Os valores se situaram em R$ 948,43 por saca e R$ 792,51 por saca, com variação semanal positiva de 0,30% e 4,85%, respectivamente.

Por CNC – Conselho Nacional do Café (em parceria em SNA)
imprensa@sna.agr.br
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