Os produtores rurais contrataram na safra 2019/20 (julho de 2019 a junho de 2020) um volume de crédito rural estimado em R$ 191.8 bilhões, com aumento de 11% em relação ao mesmo período anterior. Os números fazem parte do Balanço de Financiamento Agropecuário da Safra 2019/2020, da Secretaria de Política Agrícola (SPA), do Ministério da Agricultura.
Somados aos recursos da fonte Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) referentes às aquisições de Cédulas de Produto Rural (CPRs) e às operações com agroindústrias, o montante total atinge R$ 225 bilhões (+30%).
O ministério explicou em nota que, “embora previstos anualmente no Plano Safra, os valores da LCA passaram a ser contabilizados desde o mês passado no Sistema de Operações de Crédito Rural e do Proagro (Sicor) do Banco Central. A safra da temporada 2018/2019 não tinha essa informação.”
Do total aplicado dos recursos do crédito rural no consolidado dos 12 meses, R$ 107.48 bilhões (59%) foram destinados ao custeio, R$ 50.36 bilhões (19%) aos investimentos e R$ 10.9 bilhões (9%) para industrialização. Os financiamentos para comercialização tiveram redução de 10%, ficando em R$ 23.05 bilhões.
“Apesar da pandemia do Coronavírus, as contratações de crédito rural continuaram aumentando ao longo de 2020 até junho, no final da safra 2019/20”, informou na nota o diretor de Crédito e Informação, Wilson Vaz de Araújo.
Nos financiamentos de custeio, a participação do Programa de Apoio ao Médio Produtor (Pronamp) foi de 24% (R$ 25.8 bilhões), a do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) foi de 13% (R$ 13.87 bilhões), e a dos demais produtores, 64% (R$ 68.32 bilhões).
No que se refere ao total dos financiamentos de investimento, a participação do Pronamp foi de 5,30% (R$ 2.65 bilhões), a do Pronaf 26,50 % (R$ 13.35 bilhões) e a dos demais produtores 68,20% (R$ 34.35 bilhões).
Apesar da participação do Pronamp ter sido inferior a dos demais produtores, os médios têm acesso também aos financiamentos de investimento, nos programas de investimento administrados pelo Mapa com recursos do BNDES.
Os financiamentos realizados nos programas de investimento tiveram forte aumento nos últimos anos, e na safra 2019/20 a demanda por financiamento chegou a ser superior às disponibilidades de recursos para alguns desses programas, segundo a SPA.
Dentre os programas se destacam o Pronamp (117%), o Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica na Produção Agropecuária (Inovagro) (54%), o Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) (36%) e o Programa para Redução da Emissão de Gases de Efeito Estufa na Agricultura (Programa ABC) (29%).
LCA
As contratações de crédito com recursos da fonte LCA na safra 2019/2020 atingiram R$ 59.94 bilhões, incluindo as operações de crédito rural (R$ 26.74 bilhões) e as aquisições de CPRs e as operações com agroindústrias (R$ 33.2 bilhões).
Os recursos desta fonte respondem por cerca de 27% do total das contratações de crédito, cuja contribuição para o funding resulta da política de diversificação das fontes de financiamento agropecuário, por meio da emissão dos títulos públicos do agronegócio.
Na distribuição dos financiamentos por região, o Sul se destaca com 34%, seguido pelo Centro-Oeste com 26%, com ênfase nas operações de comercialização.
Em relação à participação dos agentes financeiros que operam com crédito rural, os bancos públicos e privados tiveram redução de 1%, ficando, respectivamente, em 54% e 26%, secundados pelos bancos cooperativos, que ampliaram sua participação, de 17% para 18%.
No ranking dessas instituições, em termos de valor financiado, o Banco do Brasil manteve a primeira posição, seguido pelo Sicredi, Bradesco e Bancoob. O Banco do Nordeste ocupa a sétima posição, seguido pela Caixa.
As contratações de crédito agrícola foram de R$ 126.25 bilhões, e as de crédito pecuário R$ 65.58 bilhões. Nos financiamentos por produto, os bovinos ocuparam a primeira posição, seguidos pela soja, milho e café.
Broadcast Agro