Os primeiros números da safra 2017/2018 em Mato Grosso apontam para uma queda na produção de grãos, que deve surgir após um período produtivo de supersafra. No caso do milho, por exemplo, a queda pode ficar em quase 20% na comparação com o ciclo anterior. O setor diz que a incerteza do clima e a insegurança jurídica causada pela política gera apreensão.
O assunto foi alvo de debate durante um balanço realizado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), na semana passada. No caso da safra 2016/17, foi exaltada a produção recorde e lamentou-se a falta de rentabilidade aos produtores.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Normando Corral, pontua que os custos com tecnologia já tiveram aumento na safra passada e que o fato fez com que os produtores de soja diminuíssem em 14% o custeio da produção de soja a partir de recursos próprios.
O líder ressalta, porém, que essas são conjunturas que fazem parte da vida do agricultor. Segundo ele, o que mais pode pesar é a questão política.
“O que mais desestimula o produtor é a insegurança jurídica em relação ao trabalho que nós fazemos. Nós ficamos com o código ambiental, por exemplo, e outras legislações que mudam constantemente. Tudo isso vem do problema político, já que a lei é feita em uma Câmara de Vereadores, Assembleia Legislativa ou de uma Câmara Federal”, defende.
Perspectivas
O gestor técnico do Imea, Ângelo Ozelame, disse que o setor também está atento às condições climáticas, já que a América do Sul e os Estados Unidos podem sofrer com a condição chamada de La Niña. O fenômeno acarreta na diminuição da temperatura dos oceanos, impactando por consequência a distribuição e a qualidade das chuvas.
A perspectiva inicial é que os agricultores de soja ganhem um alívio no bolso por causa da queda nos custos de produção. A situação é contrária no caso do milho, que, por causa da possível alta, pode fazer com que os investimentos em tecnologia baixem. O algodão tem previsão de elevação de área e produção.
No caso da pecuária, é esperada a intensificação do número de abate de bovinos, o aumento nas exportações, com apoio da demanda da China, Hong Kong e Irã, e também a elevação da demanda interna da carne de boi.
Produção
A estimativa atual do Imea é que a produção de soja apresente queda de 2,1% e chegue aos 30.6 milhões de toneladas, contra os 31.2 milhões de toneladas da safra passada. No caso do milho, a estimativa é que a queda fique em 18,7%, resultando em uma produção de 24.7 milhões de toneladas do cereal, contra as 30.4 milhões de toneladas do período produtivo anterior.
O algodão, ao contrário da soja e do milho, pode aumentar sua produção em 9,5%, chegando 1.1 milhões de toneladas, contra um milhão de toneladas do ciclo anterior.
Fonte: RD News