O Brasil ainda não possui uma política de exportação de café com valor agregado. É o que declarou o diretor da SNA, Ruy Barreto Filho. Para ele, o país precisa deixar de ser apenas produtor e exportador de commodities. “Necessitamos de valor agregado, mas para isso o entrave do drawback da matéria prima tem de ser resolvido. Precisamos investir no mercado de café do tipo solúvel e torrado e moído” – alertou o diretor, que estima, para este ano, uma safra brasileira de 50 a 55 milhões de sacas.
Segundo Ruy Barreto, o Brasil tem potencial para se transformar, em poucos anos, na maior plataforma exportadora de café blendado e industrializado do mundo. “Isso deverá beneficiar diretamente o produtor brasileiro, sem onerar os cofres públicos, pois haverá mais equilíbrio na oferta ao mercado mundial”.
Barreto também chamou a atenção para a cobrança unilateral, por parte do mercado comum europeu, de uma taxa de 9% sobre o café solúvel brasileiro. Para ele, esse aspecto constitui mais um gargalo do setor. “O governo brasileiro não faz nada para evitar ou derrubar este imposto”, declarou o produtor.
Atualmente, o Brasil exporta de 29 a 33 milhões de sacas, sendo 85% de café verde arábica, 10% em solúvel e 5% de conilon. Estados Unidos, Europa e Japão continuam a ser os grandes importadores.
Em relação ao mercado interno, o café mantém sua preferência entre os brasileiros. É o segundo mercado consumidor – 19 milhões de sacas ao ano, e 5,3 kg per capita, com base no grão verde. “Em breve, seremos o maior consumidor do mundo” – prevê Ruy Barreto.