Rússia não suspendeu exportações de fertilizantes para o Brasil, mas dificuldades logísticas aumentam

A Rússia não suspendeu suas exportações de fertilizantes para o Brasil, conforme noticiaram alguns veículos de comunicação nos últimos dias.

Embora o conflito entre a nação e a Ucrânia agravem muito o quadro deste mercado, principalmente para as questões logísticas e de acessos às matérias-primas, as relações entre Brasil e Rússia estão mantidas, segundo o consultor de fertilizantes da AMR Business Inteligence, Alessandro Rabello.

“Vimos que circulou a informação de que a Rússia travou as exportações para o Brasil. Esse risco existe, e não da Rússia travar para o Brasil, mas para o mundo, na verdade, sem um motivo específico para o Brasil”, disse.

“E todo o corpo da matéria que circulou fala de uma situação da Bielorrússia (e de sanções que são impostas a este país por União Europeia e Estados Unidos), que é um caso já conhecido e que vocês vêm noticiando.”

O consultor reafirma ainda que as relações comerciais entre Brasília e Moscou seguem fortalecidas, principalmente depois da recente visita do presidente Jair Bolsonaro a Vladimir Putin. As preocupações maiores, neste momento, de fato se concentram sobre a questão logística.

“A Rússia é hoje uma forte exportadora de amônia, importante matéria-prima para os nitrogenados e fosfatados como N, como MAP, DAP, os NPS. Cerca de 25% da amônia global sai da Rússia, principalmente pelo porto de Odessa (na Ucrânia), que desde o dia 24, quando começou a guerra, está com as exportações de amônia fechadas. Já há uma falta de amônia e os preços começam a bombar”, informou Rabello.

Mercado

O setor de fertilizantes já apresentava um quadro fundamental bastante sólido, com escassez de matéria-prima e sanções impostas à Bielorrússia. A guerra só intensifica ainda mais o quadro, uma vez que as recentes sanções aplicadas sobre a Rússia limitam severamente as transações comerciais no mundo todo.

“Quando avaliamos a matriz de fertilizante, potássio por exemplo, há uma concentração na mão de poucas empresas. O Canadá é o maior produtor mundial, e na sequência Rússia e Bielorrússia juntas, como uma diferença pequena entre as duas (…) Quando olhamos o potássio combinado russo e bielorrusso, temos um share global de quase 50%. É uma representatividade muito grande e não há um produto substituto para o cloreto de potássio”, disse o consultor.

O atual momento, portanto, deixa o mercado sem parâmetros para a formação de referências de preços, o que torna os negócios ainda mais difíceis. “As listas de preços das empresas vão depender de como elas se sentem sobre seu volume de suprimentos (…) Vamos ver volatilidade nos preços das commodities todas e os fertilizantes não vão ficar fora disso”, afirmou Rabello.

Esse “excesso de notícias ruins”, explicou o consultor, provoca uma corrida do produtor brasileiro para garantir seus negócios e, assim que possível, seus fertilizantes, mas também com os mesmos buscando todas as alternativas possíveis frente aos problemas que podem se apresentar nos próximos dias.

Posicionamento

Em entrevista na noite desta terça-feira para o blog da jornalista Andréia Sadi no G1, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse que não há motivo de pânico para os impactos na importação de fertilizantes da Rússia pelo Brasil em meio às tensões entre o país e a Ucrânia, e acrescentou que está monitorando a situação.

“Precisamos aguardar, é muito cedo ainda. Precisamos ver como será essa sanção do Ocidente para Rússia”, declarou a ministra. A titular da pasta disse ainda que busca alternativas em caso de impacto no fornecimento.

O Plano Nacional dos Fertilizantes tem sido discutido nos últimos anos e pode ser uma saída em caso de impactos no fornecimento. O Brasil é muito dependente das compras externas de insumos. Atualmente, cerca de 70% dos fertilizantes são importados.

 

 

Fonte: Notícias Agrícolas

Equipe SNA

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