Desde o início do século 21, o desafio lançado pela Organização das Nações Unidas (ONU) destacava a necessidade de uma produção de alimentos em maior escala para garantir a segurança alimentar da população mundial, com a manutenção da sustentabilidade do meio ambiente.
Segundo o engenheiro agrônomo, agricultor e coordenador do Centro de Agronegócios da FGV, Roberto Rodrigues, o Brasil já é um produtor de alimentos e mantém a sustentabilidade, “mas a ação de criminosos mancha a imagem do país no exterior”.
Para contornar isso, ressaltou o ex-ministro, é preciso que haja uma forma de comunicação correta para apontar o caminho que o agro brasileiro vem trilhando.
Segurança alimentar
No Encontro Nacional das Mulheres Cooperativistas, Rodrigues disse que a resposta para a equação que une a oferta, demanda, qualidade dos alimentos e sustentabilidade ambiental é a tecnologia.
“A ciência se debruçou sobre esse tema, mas a pandemia da Covid-19 aprofundou e agilizou a busca de respostas, trazendo uma outra expectativa quanto à questão de segurança alimentar. As pessoas se deram conta de que é possível ficar sem comprar roupa, TV, carro, mas não sem comida”, destacou o ex-ministro.
Segundo ele, isso colocou o País em uma posição interessante, já que foi um dos únicos países no mundo que aumentou as exportações durante a pandemia.
Crescimento sustentável
Rodrigues disse que até a década de 1970 a agricultura e pecuária brasileira eram costeiras, por causa dos grandes centros consumidores e portos, e não olhava para o Cerrado. “A tecnologia gerada nos órgãos de pesquisa e universidades conseguiu fazer a agricultura chegar ao Cerrado com três pilares: soja, capim braquiária e o zebu”.
Como exemplo de crescimento sustentável do agro brasileiro baseado na tecnologia, o especialista relembrou que desde o plano Collor em 1990, até hoje, a área plantada de grãos no Brasil cresceu 74%, e a produção aumentou 342%.
“Hoje cultivamos 66 milhões de hectares com grãos, somando o que se faz em duas safras. Se fosse a mesma produtividade que tivesse no plano Collor, teria de ter mais 103 milhões de hectares para colher a safra desse ano. Ou seja, preservamos 103 milhões de hectares, e esse processo está feito, consolidado”.
Ilegalidades
Mesmo com o crescimento no agronegócio baseado em tecnologia gerada em instituições de pesquisas e universidades, Rodrigues afirmou que as ilegalidades cometidas por criminosos, não agricultores sérios, acabam manchando a imagem do País.
“Há importadores que querem suspender as compras por causa destes crimes como grilarem, garimpo e desmatamento ilegais, queimadas. Precisamos de comunicação correta, reconhecer os erros e corrigi-los para contornar esse desafio”, disse.
Comércio exterior
Como exemplo de expansão das exportações brasileiras, o especialista citou a China, que em 2000 representava 2,70% dos US$ 20 bilhões das vendas de produtos do agro do Brasil no mercado externo. Em 2019, as exportações agrícolas brasileiras chegaram a US$ 90 bilhões, e a China representava então 32% do total.
“As exportações do Brasil cresceram quase cinco vezes, isso tendo pelo caminho crises financeiras. A China hoje é uma potência importante, mas não podemos depender de um só mercado. Temos outros países da Ásia, Oriente Médio, Mercosul e União Europeia”, afirmou Rodrigues.
“Ampliar e manter esses mercados implica em grandes negociações diplomáticas. Nós somos um país muito grande para escolher mercado. Precisamos vender para o mundo inteiro, e para isso é preciso uma boa diplomacia”.
Fonte: Notícias Agrícolas
Equipe SNA