Por Mauro Zafalon
As exportações do agronegócio aceleraram o ritmo neste mês. Após terem atingido US$ 102 bilhões no ano passado, as vendas externas começam 2019 com incremento.
Fevereiro nem terminou e as exportações de soja já bateram o recorde para o mês. Já são 4.5 milhões de toneladas embarcadas, podendo atingir 5.6 milhões de toneladas até o final do mês.
Os dados desta segunda-feira (25/2) da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) indicam também boa evolução das exportações de carnes, café, milho, algodão e etanol, sempre em comparação com as de igual período do ano passado.
Dois dos destaques, o algodão e o etanol, têm alta de 55% e de 93%, respectivamente, no volume exportado, segundo dados da Secex.
O início de ano acelerado não quer dizer que 2019 deverá superar as receitas de 2018. Um dos principais motivos é a soja, o carro-chefe das exportações.
As vendas externas da oleaginosa estão aceleradas porque a safra foi antecipada e a guerra comercial entre EUA e China continua, apesar de Donald Trump ter anunciado uma trégua no domingo (24/2).
Após haver atingido US$ 41 bilhões de receitas no ano passado, o complexo soja deverá ter uma redução próxima de US$ 10 bilhões neste ano. A perda é tão grande que não deverá ser compensada por outros produtos, mesmo com a recuperação de vários deles.
Uma das recuperações fica por conta do açúcar. Após ter exportações 31% menores na safra 2018/19, a commodity poderá ter uma evolução 10% maior na 2019/20.
O etanol volta a ter saldo líquido para o Brasil. Mas as exportações médias da safra crescerão 4%, abaixo do ritmo dos últimos dois meses.
Milho e algodão também vão dar sustentação às exportações do agronegócio, principalmente devido à maior produção interna. O algodão estará, ainda, no foco dos chineses, que mantêm restrições de negociações com os americanos.
Outro destaque são as proteínas “in natura”. A exportação de carne bovina deverá atingir 124.000 toneladas, 27% mais do que as de fevereiro de 2018. A carne suína e de frango acompanham a bovina e têm bom desempenho.
O ritmo das exportações de 2019 vai depender muito do câmbio. Um empecilho serão os preços internacionais: a tendência é de queda. A soja, mesmo com recuo de produção no Brasil, não reage devido aos estoques dos EUA.
Folha de São Paulo