* Por Amanda Melo Sant’Anna Araújo
Em artigo técnico publicado originalmente na edição nº 701 (páginas 60 e 61) da Revista A Lavoura, veiculada desde 1897 pela SNA
Com o término do verão, é comum achar que o trabalho com reprodução também está chegando ao fim, pelo menos até a próxima estação de monta. Porém, é após a conclusão de uma estação de monta que se inicia o trabalho para que o próximo período reprodutivo seja um sucesso.
Como isso se dá? Com a realização dos exames ginecológicos e andrológicos dos reprodutores, ou, simplesmente, “exame de outono”. Esse exame tem como objetivo identificar a capacidade reprodutiva e eventuais problemas tanto nas matrizes, quanto com nos garanhões. E o leitor deve estar se perguntando: mas esses exames não podem ser realizados durante a estação?
Claro que podem, mas quando realizado com antecedência, ao surgirem eventuais problemas, existe tempo hábil antes do início do período reprodutivo para um possível tratamento, quando for necessário. E, dessa forma, não haverá perda de tempo, quando o cio for fértil, a matriz estará apta a gestar.
MÉTODOS REPRODUTIVOS
Além disso, podemos ainda pré-determinar o melhor método reprodutivo a ser utilizado para cada animal. Se o problema for detectado tardiamente na estação de monta, poderá haver perda de sêmen, repetição de cio, infecções uterinas, perdas embrionárias e, só mais tarde, é que o problema será identificado.
Pode, então, acontecer de não restar tempo suficiente nesta estação para o tratamento e posterior cobertura. Mas no que consiste esse exame? É um exame completo que avalia as condições reprodutivas da égua ou do garanhão, em que se investiga as causas de possíveis falhas de prenhez, e as condições uterinas.
Faz-se ainda a avaliação de éguas virgens que serão inseridas nos programas reprodutivos. São realizados ultrassonografia endometrial e exames complementares, como os de citologia uterina, bacteriológico e, quando necessário, biópsia uterina.
A conformação da vulva é uma preocupação importante para o prognóstico reprodutivo, uma vez que existe a patologia denominada pneumovagina, que se caracteriza pela entrada de ar pela vagina, devido ao mau posicionamento da vulva, acometendo o útero de infecções, e que, em alguns casos, poderá ser corrigido com cirurgia.
PREVENÇÃO
Dessa forma, pode-se prevenir processos infecciosos e também tratar precocemente as infecções já instaladas, evitando que haja a redução de fertilidade ou ainda infertilidade nos animais.
Pode-se, igualmente, descartar animais que apresentem processos degenerativos de difícil tratamento, como a endometriose, evitando prejuízos. Nos garanhões, esse exame é utilizado para verificarmos sua fertilidade e, assim, determinar a capacidade reprodutiva e o melhor método de cobertura para cada reprodutor.
Para tal é coletado, através de vagina artificial, o sêmen do garanhão em questão após o esgotamento seriado. São analisados os seguintes parâmetros: macroscopicamente – volume, odor, coloração, pH e microscopicamente – concentração, motilidade, vigor e morfologia. Deve-se ainda fazer o teste de libido.
SELEÇÃO DO PLANTEL
Em razão do crescimento da equinocultura nacional, é muito importante a atuação conjunta do médico veterinário, proprietário e criador, no sentido de melhorar a produtividade e seleção do plantel de maneira lucrativa para o criador.
É nesse momento também que iremos observar, classificar e agrupar os animais de acordo com a categoria (égua parida, primeira cria, vazia; ou garanhão iniciante experiente, idoso), escore corporal (magra, normal, obesa) e sua saúde (verme, carrapato, babesia), para facilitar o manejo e tratar aqueles que necessitarem.
Aliados a todos esses cuidados, deve-se ainda observar o estado nutricional do plantel e nunca descuidar do manejo sanitário para que tenhamos uma estação de monta sem surpresas e com bons índices de concepção, gestação e nascimento.
* Amanda Melo Sant’Anna Araújo é médica veterinária e mestre em Ciência Animal
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Fonte: A Lavoura nº 701/2014