Passados três meses da liberação, pelo governo federal, da importação de bananas equatorianas, ainda não houve nenhum importador brasileiro interessado em adquirir o produto.
A abertura do mercado brasileiro foi anunciada pelo presidente Michel Temer, diante da delegação equatoriana, durante a reunião de cúpula do Mercosul em dezembro do ano passado. O fim da barreira sanitária ao produto gerou protesto entre produtores de banana no Brasil.
Como contrapartida à abertura, o Equador liberou a entrada de calçados e automóveis produzidos no Brasil, o que não era permitido até então por causa das barreiras fitossanitárias à banana.
“Ainda estamos nas tratativas para realizar simulação de custos e ver se o preço é competitivo, porque ninguém vai querer arriscar uma importação se o preço ficar muito elevado”, disse Alexis Villamar, diretor da agência de promoção de exportações do Equador (Proecuador).
A simulação, contudo, depende de importadores brasileiros dispostos a realizar uma compra-piloto, o que ainda não ocorreu.
Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Indústria e Comércio, o Brasil importou 15,84 toneladas da fruta seca do Equador nos dois primeiros meses do ano, sendo 7,92 toneladas em fevereiro. Não houve importação da fruta in natura.
“A banana é um produto que já satisfaz 100% o mercado interno. É mais difícil encontrar um bom importador que queira ser um parceiro e começar a importação”, disse Villamar.
Em 2017, o Brasil produziu 7.2 milhões de toneladas de banana, segundo estimativa do IBGE. No período, o preço médio ao produtor de banana nanica do norte de Minas de Gerais e de Santa Catarina ficou em R$ 1,08 e em R$ 0,95 o quilo, respectivamente, segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
Segundo Villamar, a banana equatoriana ficaria atraente num cenário de preços acima de R$ 5,00 o quilo no Brasil. Em fevereiro deste ano, o valor pago ao produtor mineiro foi de R$ 1,17 o quilo, segundo o Cepea.
Distribuidores de frutas, verduras e legumes do Brasil consultados pelo Valor afirmam que a oferta interna elevada e a alta pericibilidade do produto são entraves à importação.
Além disso, a banana adquirida de produtores nacionais costuma ser revendida pelos distribuidores “da mão pra boca”. Ou seja, é encomendada na medida em que aparecem compradores interessados e sem estoques.
Por parte dos produtores nacionais, a resistência cresce, pois há o temor de que a banana equatoriana encareça o mercado interno ou desbanque o produto brasileiro nas prateleiras. “Não há interesse nem do produtor e nem do distribuidor”, disse um gerente de vendas.
Fonte: Valor Econômico