Rentabilidade da soja preocupa em Mato Grosso

A rentabilidade do produtor de soja na safra 2017/2018 em Mato Grosso preocupa, disse o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Antônio Galvan. “A tendência é de termos uma boa safra, se o clima ajudar, mas se os valores do bushel e do dólar continuarem nos atuais patamares, o produtor vai ter queda na rentabilidade”, disse.

Além dos preços da oleaginosa e do câmbio, as altas dos combustíveis também acendem o sinal de alerta, já que afeta os custos com maquinário e valores do frete. E, segundo Galvan, apesar da safra 2016/2017 ter sido recorde, os preços mais baixos da soja achataram a diferença entre receita e custos.

“O produtor já vem de um ano não tão favorável. Se não melhorar os valores, vamos ter redução de área e muitos arrendatários não terão como se manter mais na atividade”.

De acordo com o último boletim do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o bushel está cotado a US$ 9,72 no contrato de março/2018 na Bolsa de Chicago. No mesmo período de 2017, o valor era de US$ 10,66. Já o Indicador Imea para o estado fechou a semana em R$ 56,57, abaixo dos R$ 62,12 do ano passado. Até o momento, segundo o instituto, 42,4% da safra 2017/2018 de soja foi comercializada.

Colheita

De acordo com o Imea, a colheita da safra 2017/2018 atingiu 3,3% do total da área prevista em Mato Grosso, com atraso de 8,2% em relação ao mesmo período de 2017. A diferença ocorre graças ao alto volume de chuvas em boa parte do estado este mês. Porém, de acordo com o boletim do instituto, o avanço da colheita deve ser favorecido nas próximas semanas pela redução das precipitações.

Para fevereiro, quando os trabalhos se intensificam, a previsão climática é animadora, aponta o Imea. “Os índices pluviométricos indicam uma significativa redução nas regiões centro-sul, médio-norte, noroeste, norte e, principalmente, na região oeste quando comparado ao ano anterior”, informa o boletim. “Do outro lado, espera-se que a região sudeste possa apresentar um leve aumento pluviométrico frente ao volume acumulado em janeiro”.

Em relação ao tamanho da produção, Galvan não acredita que seja possível repetir o ano passado. “Em 2017, em termos de clima, tudo de bom aconteceu”.

Além disso, de acordo com o presidente da Aprosoja-MT, com o atraso no plantio por causa da falta de chuvas no final de 2017, vários produtores desistiram de plantar soja ou tiveram lavouras que não ficaram tão boas. Com isso, eles decidiram eliminá-las e foram direto para o plantio de algodão em meados de dezembro, reduzindo a área esperada para a oleaginosa no estado.

Até o momento, o Imea estima a produção de soja em 30.6 milhões de toneladas, com queda de 2,14% em relação à safra 2016/2017, em uma área de 9.42 milhões de hectares, 0,17% acima da temporada anterior.

Armazenagem e estradas

Desde o começo do mês, algumas estradas estaduais, como a MT-388 e a MT-322, e municipais que ainda não são pavimentadas, e têm preocupado os produtores. “Isso coloca em risco o escoamento da safra”, disse Galvan. Como não há capacidade suficiente de armazenagem nas próprias fazendas, o produtor precisa enviar o grão para os armazéns – que depois serão destinados à exportação ou mercado interno, usando justamente essas estradas “menores”.

“Já temos déficit de armazenagem no estado. Então a forma de fazer isso funcionar é pela retirada rápida. Nesses locais de estradas muito ruins, de terra, podemos ter gargalos para remover a produção”.

Já sobre a BR-163, Galvan acredita que o problema do início de 2017 não deve se repetir. “O DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) tem colocado equipes por lá, e o trecho já está com a base do asfalto pronta. Dificilmente vai ter atoleiros como no ano passado”.

Apesar disso, ainda há a preocupação de que, por medida preventiva, o trânsito pare em caso de chuvas fortes até que haja condições de prosseguir, e isso atrase a programação. “Se ficar 3,4 dias parado, já começa a acumular muito caminhão”, afirmou o presidente. Até o dia 26, o trecho da rodovia que passa por Santa Elvira estará interditado para reparo de desentupimento de dreno.

Em relação aos armazéns, Galvan não acredita em grandes problemas por falta de capacidade, apesar de ainda existir milho em estoque e o crescimento da armazenagem não acompanhar o da produção de grãos. “A questão de ter o armazém próprio é vontade da maioria dos produtores, mas esbarra muito na questão de financiamento, por conta de garantias reais, burocracia, e também na parte ambiental”, disse Galvan sobre os entraves na expansão da armazenagem nas propriedades.

 

Fonte: Portal DBO

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