Entre meados do último mês de maio e a primeira quinzena de agosto, o número de rejeições de cargas de frango brasileiro pela UE (União Europeia) caiu 96%, comparado ao mesmo período do ano passado. Dados do Sistema de Alerta Rápido para Alimentos e Rações (RASFF, na sigla em inglês) da UE demostram que, desde a suspensão de 20 plantas frigoríficas brasileiras, o número de cargas rejeitadas caiu de mais de 150 para apenas seis.
As informações foram divulgadas nesta quarta-feira (15/8) pela empresa inglesa de consultoria em agronegócios, IEG Vu. Segundo o especialista em recall de alimentos da Stericy Expert Solutions, Max Green, entre 1 e 26 de junho de 2017, cerca de três remessas brasileiras chegaram a ser rejeitadas por dia nas fronteiras com a UE.
De acordo com o site da IEG Vu, as seis recentes rejeições estão relacionadas à presença de Salmonella no frango congelado. Três rejeições aconteceram na Holanda e as outras três no Reino Unido.
Com o novo cenário, o Brasil deixa a fama de responsável pela maior parte das remessas de aves rejeitadas em 2017, passando para o responsável por um décimo de todas as remessas de frango devolvidas nas fronteiras da UE no referido período. Os outros mais de 60 casos envolvem aves de países como Tailândia, Polônia e Holanda.
O dado é considerável, mesmo diante da queda de 38% no volume de carne de frango brasileira enviado para a UE no primeiro semestre de 2018, comparado ao mesmo período do ano anterior. Segundo dados da alfândega brasileira, o país exportou quase 110.000 toneladas de carne de frango para a UE no primeiro semestre de 2018.
“O Brasil tem pressionado a União Européia por meses, tentando em vão restringir as restrições em torno das exportações de carne de frango e de aves para trazer a indústria de volta ao equilíbrio”, disse Farzad Henareh, VP Comercial e Desenvolvimento de Negócios da Stericycle Expert Solutions.
“Estas últimas descobertas mostram que um sério risco permanece e, infelizmente para o Brasil, essas rejeições não ajudarão em sua luta para o comércio como fizeram anteriormente na UE”.
Em março, o ministro da Agricultura do Brasil, Blairo Maggi, afirmou que o Brasil poderia recorrer à OMC contra as restrições da UE. O Brasil questiona por que os europeus usam critérios diferentes para o frango fresco e o frango fresco com até 2% de sal.
No primeiro, é tolerada a presença de praticamente todos os 2.500 tipos de salmonela conhecidos, com exceção de duas: a Typhimurium e a Enteritidis. Já no frango com sal, não é tolerado nenhum tipo de salmonela.
Salmonella na Europa
Segundo o relatório síntese sobre as tendências e origens das zoonoses, agentes zoonóticos e surtos de origem alimentar da UE, em 2016 foram confirmados 94.530 casos de salmonelose em todos os estados membros. A proporção de doenças causadas por salmonelose em humanos devido à S.Enteritidis vem em ritmo crescente desde 2012.
As atividades de monitoramento e programas da UE para o controle da carne de frango fresca em relação à Salmonella são baseadas em amostragem colhidas no abatedouro, mais precisamente por meio de amostras de pele do pescoço. Também são coletadas amostras de carne no processamento e varejo.
No geral, em 2016, a Salmonella foi detectada em 6,39% das 25.276 unidades de carne de frango testadas na UE. Na carne de peru e seus produtos, os resultados foram positivos em 7,74% das 4.250 unidades amostradas.
Fonte: AviNews