Redução de mistura de biodiesel no Brasil afeta setor de soja, que já fez recompras

A redução da mistura de biodiesel no diesel de 12% para 10% para entregas em setembro e outubro, anunciada nesta quinta-feira pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afeta o planejamento da indústria de soja, que havia até mesmo feito recompras de grãos que seriam exportados para atender as obrigações. A informação é da associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

O ministro afirmou durante um seminário online do setor de biodiesel, que a mistura será reduzida devido a problemas na oferta constatados no leilão L75. O “desbalanço”, segundo o ministro, ocorre após o Brasil ter exportado grandes volumes de soja em 2020, com uma forte demanda da China, e contando com um câmbio favorável para exportações. O óleo de soja responde por 70% a 75% da matéria-prima do biodiesel, dependendo da época do ano.

A Abiove lamentou, em nota, a decisão do Ministério de Minas e Energia (MME) e da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) de reduzir a mistura. Para a associação, a decisão “foi tomada de forma precipitada, pois sua principal alegação, a falta de biodiesel, somente poderá ser comprovada após o cumprimento do que está previsto no edital”.

Ou seja, completou a Abiove, “após a conclusão do L75, que segue paralisado, e a realização de um leilão complementar, caso fosse evidenciado a partir do fechamento do L75, é que as vendas seriam insuficientes para atender a demanda”. De acordo com a associação, ao ter anunciada a redução da mistura antes da finalização do leilão, “os órgãos oficiais podem estar desprezando 1.166.420 m³ já comercializadas nas etapas já realizadas do L75”.

A Abiove informou ainda que havia um compromisso do MME e da ANP de fazer uma comunicação oficial aos setores envolvidos, independentemente de qual fosse a decisão, “para evitar especulações no mercado”. No entanto, ressaltou a entidade, “houve infelizmente uma comunicação pública antes do setor tomar conhecimento”.

A associação da indústria de soja destacou ainda que “não admite o cancelamento das vendas realizadas, visto que essa ação causaria colapso na cadeia produtiva da soja e na comercialização de óleo, dado que a matéria-prima já foi comercializada, inclusive com recompras de soja que iria ser exportada para ser processada no Brasil”.

Para a Abiove, há também compromissos firmados com as vendas de farelo de soja, produto derivado do processamento da soja, assim como o óleo, utilizado para a produção de biodiesel. “Tudo isso será colocado em risco se for tomada mais uma decisão equivocada sobre o L75. Portanto, a Abiove considera obrigatória a conclusão do L75 e o cumprimento estrito do disposto no edital desse leilão”.

 

Fonte: Reuters

Equipe SNA

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