“A certificação é muito importante, pois significa que a principal entidade global de saúde animal analisou a documentação, inspecionou pontos importantes e finalmente aprovou. É o reconhecimento internacional. Isto significa endosso para o País”.
Essa análise é do presidente do Conselho Nacional da Pecuária de Corte (CNPC), Sebastião Costa Guedes, sobre o reconhecimento da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), que vai declarar oficialmente, essa semana, o Brasil como País Livre da Febre Aftosa com vacinação. O Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Blairo Maggi, receberá o certificado na sede da em Paris.
A luta contra aftosa iniciou em 1951, com a criação do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (Panaftosa), no Rio de Janeiro e foi intensificada a partir de 1964. “Agora, com toda segurança, estamos concluindo. Esse reconhecimento é fruto de 50 anos de trabalho bem-sucedido do serviço veterinário e dos produtores rurais brasileiros”, afirma Guedes, que também é presidente do Grupo Interamericano para a Erradicação da Febre Aftosa (Giefa) e membro da Academia Brasileira de Medicina Veterinária (Abramvet).
Segundo o executivo, a vacinação ainda é necessária em algumas regiões do Brasil, porém, ele acredita que esse cenário possa sofrer alterações benéficas em um futuro próximo. “A vacinação pode ainda ser necessária em algumas regiões, de acordo com as análises do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), mas a retirada da vacina beneficiará, ainda mais, e a qualidade do produto nacional”, diz.
De acordo com o presidente do CNPC, o Brasil deve ter aumento gradativo de suas áreas sem vacinação a partir de maio de 2019 e será totalmente livre da vacina em maio de 2021. Ele informa que o ciclo de retirada da vacinação deve ter início no ano que vem, começando pelo Acre, Rondônia e, possivelmente, Paraná, e deverá ser concluído maio de 2021, incluindo os Estados da fronteira oeste e sul, bem como Sergipe, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Tocantins, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. “Em 2020 a retirada deve ocorrer nas regiões Norte e Nordeste. Existe um processo de auditorias para confirmar estes prazos”, acrescenta, lembrando que o Estado de Santa Catarina é reconhecido como área livre da aftosa sem vacinação há mais de 10 anos.
BENEFÍCIOS
Segundo Guedes, o País só tem a ganhar com retirada da vacinação contra a aftosa em todo território nacional. “Os benefícios da retirada da vacinação incluem a redução de perdas na produção leiteira e de carne, de deslocamentos de rebanhos e de manejo, das perdas nas carcaças devido às reações causadas pela vacina, da queda em abortos na IATF (Inseminação a Tempo Fixo)”, lista. “Também facilita o acesso a mercados atraentes do circuito não aftósico e gera uma economia de R$ 800 milhões anuais somente na compra da vacina.”
FUTURO
Para Guedes, alguns aspectos precisam ser observados para que os resultados relacionados à essa certificação e também outras questões sanitárias sejam longevas. “Para assegurar o nosso futuro, temos que criar um fundo indenizatório para eventuais emergências em alguns Estados que ainda não o possui, como São Paulo, além do banco de antígenos e de reserva de vacinas necessário para a fase posterior a 2021”,
Ele informa que, na atual conjuntura, o continente passa por uma fase muito favorável, com a situação tranquila na Bolívia e Paraguai. “As ocorrências na Venezuela, que contaminaram regiões da Colômbia, felizmente não representam grandes riscos para o Brasil”, comemora e acrescenta que o Panaftosa organizou e está acompanhando atentamente a situação nesses países, inclusive com o envio de uma missão de peruanos, uruguaios e brasileiros, que visitou a Venezuela há menos de 30 dias.
Equipe SNA/ SP