Os rendimentos e a produção de soja no Brasil neste ano podem se igualar ou mesmo superar os números do ano passado. Apesar de uma seca que atrasou o plantio e de fortes chuvas que interrompem a colheita em algumas partes de Mato Grosso, principal produtor de grãos do país, analistas do setor mantém suas expectativas.
Com o desenvolvimento melhor da soja precoce, superando as previsões de alguns produtores para o médio-norte do estado, os dados de campo coletados nesta semana indicam “um viés de alta” para os rendimentos e a produção. A informação é do agrônomo Fabio Meneghin, sócio da consultoria Agroconsult, que organiza a expedição agrícola Rally da Safra.
O Mato Grosso é geralmente o primeiro estado a iniciar a colheita de soja no Brasil e deve produzir mais de 30 milhões de toneladas da commodity nesta temporada – mais de um quarto da produção total prevista para o país.
As lavouras estão em condições semelhantes ou melhores do que as do ano passado, afirmou João Leite, que cultiva 13.400 hectares de soja em Nova Mutum. “Embora uma estiagem tenha dificultado o plantio no início da temporada, os rendimentos médios deverão aumentar para 53 sacas por hectare, de 51,5 sacas no ciclo anterior”, disse ele.
“Ainda assim, outros produtores da região não devem obter resultados semelhantes”, afirmou Leite, citando as condições climáticas extremamente secas durante a segunda metade de setembro, o período ideal para se iniciar a semeadura.
“Mesmo com as chuvas potencialmente criando dificuldades durante a colheita, não esperamos nenhuma perda de safra”, disse Evandro Lermen, diretor-presidente da Coacen, uma cooperativa agrícola que agrupa 43 famílias em Sorriso, maior município produtor de soja do Brasil.
Ainda no oeste de Mato Grosso, prolongados períodos de chuva, até 12 dias ininterruptos em janeiro, “avariaram” algumas plantações, informou o gerente agrícola Evandro Dal Bem aos analistas do Rally da Safra.
A Agroconsult prevê que o Brasil colherá 114.1 milhões de toneladas de oleaginosa neste ano, em linha com o recorde histórico da última temporada, que foi beneficiada por um clima considerado “perfeito”.
Antes da expedição agrícola, a consultoria estimou que os rendimentos atingiriam média de 54 sacas por hectare no país, o segundo maior nível na história após as 56 sacas em 2017. Para Mato Grosso, os rendimentos médios são estimados em 54,5 sacas.
Alexsander Gheno, que cultiva 2.100 hectares de soja, antecipa uma “queda de braço” com as tradings em meio a outra safra volumosa. Ele disse que os rendimentos e a produção tendem a crescer nesta temporada, mas a rentabilidade dos agricultores não seguirá o mesmo caminho.
Com base nos dados da colheita recém iniciada, Gheno calcula que os rendimentos médios em sua propriedade aumentarão para 67 sacas por hectare, de 64 sacas na última temporada.
Fonte: Reuters