Pequeno produtor é, como sempre, quem mais sofre com as incertezas de preços que as indústrias pagam pela caixa; a dúvida é se o dinheiro a ser recebido será destinado para alimentar a família ou alimentar o pomar?
O fator produtividade para essa classe de citricultor é vital; mesmo se esforçando para manter seus custos de produção, fatalmente ele chegará no mínimo necessário para manutenção da safra. Hoje são raros quem tira lucro com uma produção menor que 30.0000 caixas, neste caso ele gasta anualmente mais de R$ 400.000,00 para produzir, cuidar e levar até a fábrica, isso controlando na unha suas despesas e sem nenhuma sofisticação e abuso.
Imaginando que este citricultor tenha vendido sua fruta por US$ 4,50 a caixa e o câmbio for de R$ 3,20, ele receberá perto de R$ 430.000,00, ou seja, apenas R$ 2.500,00/mês, se tudo der certo, não ocorrer nenhuma desgraça climática e mantiver a produtividade e rotina de colheita. Todos concordamos que para qualquer atividade esta receita passa longe de ser atrativa e estamos falando de um percentual grande de propriedades do estado de São Paulo nesta situação, diria que cerca de 70% deles.
Uma forma de preservação, proteção e manutenção destes produtores na atividade, seria a criação de uma forma de remuneração mínima de modo a proteger os gastos gerados hoje para uma produção que só virá no ano seguinte. Hoje não há a menor ou quase nenhuma segurança de produtividade e de receita. Sabemos que, para sobreviver, muita gente tem corrido aos bancos para custeio de safra e a única prática viável é o “mata-mata” que, sem resolver, empurra o buraco para frente. Ruim para todos!
A safra corrente está mostrando que o rendimento industrial está bem igual ao do ano passado que ficou ao redor de 300 caixas para a produção de 1 tonelada de FCOJ-suco concentrado. Mais um ano em que a produção de frutas e de suco será baixa e assim o estoque será afetado mais do que se esperava.
A visão geral para um futuro próximo é de elevação nas participações para quem assinou contrato com base nos preços internacionais; se neste ano findo as médias das vendas não foram lá estas coisas, espera-se que para o ano novo elas se elevem, visto que, entramos nesta safra com preços maiores do que nesta época, no ano passado.
Como estão os concorrentes do nosso suco de laranja por aí? Os estoques de Suco de Maçã na Polônia (maior fornecedor europeu) são estimados em 46% superior ao do ano passado em função de excelente safra naquele país. A oferta de Suco de Abacaxi produzido pela Indonésia e Tailândia é uma preocupação em função do El-Niño. Há estoques suficientes de Suco de Manga e de Maracujá. Lembrar que a Maçã é nosso maior concorrente nas prateleiras!
Por Paulo Celso Biasioli, Diretor Executivo da Alicitros
Fonte: AliCitros