Queda nas exportações de frutas frescas acende sinal vermelho, aponta Ibraf

Dentre as frutas frescas, as exportações de laranja tiveram maior crescimento, em porcentagem, no 1º semestre de 2016: . Foto: Divulgação
Dentre as frutas frescas, as exportações de laranja tiveram maior crescimento, de janeiro a junho deste ano: 356,2% em volume e 196,%% em valor. Foto: Divulgação

As quedas nas exportações brasileiras de frutas frescas – de 5,6% e 5,3% em volume e valores em dólar, respectivamente –, no primeiro semestre deste ano em relação a igual período de 2015, acendem um sinal vermelho, indicando que o setor precisa rever suas estratégias de mercado, se quiser alcançar êxito no segundo semestre de 2016 e nos próximos anos.

Apesar do desempenho negativo, os exportadores receberam 6,3% a mais em reais, por causa da desvalorização da moeda brasileira frente à norte-americana. É o que aponta um relatório do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), com base nos dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/DataFruta), divulgado na segunda-feira, 15 de agosto.

De acordo com o documento, o Brasil exportou 274.880 toneladas, correspondendo a US$ 214,2 milhões FOB – sigla em inglês para Free on Board, que se refere ao preço de venda da mercadoria acrescido de todas as despesas que o exportador faz até colocá-lo a bordo. Em conjunto, as frutas foram vendidas a outras nações com valor médio de 779,10 reais por tonelada FOB, ou seja, apenas 0,3% superior a 2015.

Segundo André Fernandes, gerente de Gestão de Inteligência de Mercado do Ibraf, em relação aos volumes exportados, o desempenho das frutas frescas indicam, ponderadamente, um queda das exportações de frutas-chaves, tais como maçã, manga e melão, que não conseguiram uma compensação diante do aumento das vendas externas de outras frutas (abacate, abacaxi, banana, laranja, limão taiti, melancia e uva de mesa.

“Devemos considerar que algumas frutas ganham destaque no segundo semestre, como a uva de mesa, manga e melão”, ressalta Fernandes. Por isto, o desempenho do setor deve se recuperar com o fechamento do ano.

Sobre a queda do valor exportado, ele explica que “nosso portfólio de exportações é caracterizado por uma cesta de frutas com preço médio por tonelada FOB muito baixo em comparação aos nossos concorrentes diretos”.

 

LARANJA É A NÚMERO 1

As exportações de laranja do Brasil tiveram crescimento de 356,2% em volume e 196,%% em valor. Apesar do bom desempenho, o País ocupa a 28ª colocação na lista dos principais exportadores de laranja para mesa do mundo.

“Foram embarques que precisam ser melhores avaliados, futuramente, para verificarmos se serão ou não promissores, levando em consideração que o preço médio de venda de laranja foi extremamente baixo: US$ 642 por tonelada FOB”, destaca o gerente do Ibraf.

 

ABACAXI MERECE ATENÇÃO

Apesar de ter alcançado crescimento de 103,6% em volume e 135,5% em valor, as vendas externas de abacaxi não são pontos fortes da cesta de frutas brasileiras. “O Brasil, embora seja o maior produtor de abacaxi do planeta, sua comercialização para outras nações não é representativa”, afirma Fernandes.

Mesmo assim, ele acredita que a abacaxicultura merece atenção maior, por meio de estudos e incentivos, com o objetivo de nos tornarmos mais competitivos. “O abacaxi é a fruta tropical mais vendida no mundo, depois da banana.”

 

UVA DE MESA

Depois da laranja, as exportações de uva de mesa se destacaram dentre as frutas que compõem a cesta brasileira: alta de 70,6% em volume e 79,3% em valor, no primeiro semestre de 2016 sobre o mesmo período do ano passado.

“Infelizmente, não somos ainda um fornecedor importante de uvas de mesa. E isto se reflete no ranking internacional: somos o 18º colocado dentro de uma lista de países que compram para seu mercado interno”, comenta o gerente do Ibraf.

 

MELANCIA

As exportações de melancia cresceram 26,7% em volume e 22,1% em valor. De janeiro a junho deste ano, o País exportou 10,8 mil toneladas desta fruta, chegando a 11 países, sendo que 89% dos embarques foram destinados a Holanda e Rússia.

“Destacamos as importações de 546,1 toneladas de melancia pelos Estados Unidos no primeiro semestre, o que indica a possibilidade de abrir um novo mercado atrativo”, comenta Fernandes, informando que o Brasil é o décimo maior exportador desta fruta.

 

BANANA

Em relação à banana exportada, foram registradas quedas em volume e valor, respectivamente, de 17,1% e 15,9%. “Apesar de observarmos uma grande produção em território nacional, o Brasil não é um importante exportador para os mercados do Hemisfério Norte. Nossas vendas externas se limitam aos países do Mercosul.”

Na opinião do gerente do Ibraf, “é crucial que seja dada ênfase quando se fala nas exportações de banana, porque está ocorrendo uma gradativa perda de competitividade em relação aos concorrentes do Brasil no maior mercado comprador, que é o da União Europeia”.

 

ABACATE

As exportações de abacate no primeiro semestre de 2016, em relação a igual período do ano passado, aumentaram 12,8% em volume e 10,9% em valor. Hoje, o Brasil é o 15º maior exportador do mundo desta fruta.

 

LIMÃO TAITI

Apesar das retrações registrados no primeiro semestre, algumas frutas merecem ser destacadas, como o limão taiti, que teve alta de 4,4% em volume e de 19% em valor, se comparadas a janeiro-junho de 2015. O País exportou quase 61 mil toneladas desta fruta, somando R$ 56,6 milhões FOB. “Hoje, o Brasil é o segundo maior exportador de limas ácidas (limão taiti) do mundo”, informa Fernandes.

Como ocorre com a maioria das frutas, ele informa que os embarques desta fruta se concentram na União Europeia: “A Holanda é nosso maior comprador, ficando com 60% das compras de limão taiti nacional. Vale destacar que este país, praticamente, reexporta esta fruta não só para outras nações da UE, como para outros mercados, a preços superiores aos ofertados pelos exportadores brasileiros”.

De acordo com o gerente do Ibraf, “o aumento das vendas externas de limão taiti brasileiro se deve à popularização da nossa caipirinha, caipirosca, além de sua introdução na culinária internacional”.

 

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Alta das vendas externas de limão taiti brasileiro se deve à popularização da nossa caipirinha, caipirosca, além de sua introdução na culinária internacional. Foto: Divulgação

MELÃO

Embora seja o terceiro maior exportador de melões do mundo, superado apenas por Espanha e Guatemala, o Brasil registrou um crescimento razoável no primeiro semestre deste ano: 1,24% em volume e 4,6% em valor.

 

PRINCIPAIS QUEDAS

Uma das mais significativas quedas das exportações de frutas frescas, segundo relatório do Ibraf, foi as de maçãs: 48% em volume e 14% em valor. Já as vendas externas de mangas frescas diminuíram 15,9% em valor e 8,1% em volume.

Segundo maior exportador de mamão, o comércio exterior desta fruta caiu 3,4% em volume e de 0,1% em valor. “No semestre passado, esta queda ocorreu, especialmente, por causa da baixa oferta das regiões brasileiras que exportam; baixa qualidade do produto; preços elevados nos mercado internacionais. Até dois meses atrás, o clima instável também prejudicou a produção nacional de mamão”, comenta Fernandes.

 

MAU DESEMPENHO DA BALANÇA COMERCIAL

Analisando a balança comercial brasileira de frutas frescas, no primeiro semestre de 2016, houve um déficit de US$ 11.769.761, superior a igual período do ano passado.

“Este mau desempenho, em grande parte, se deve ao aumento das importações de maçãs, a preços muito altos. O preço médio unitário das nossas exportações, menor que o registrado em 2015, também colaborou para a elevação do déficit da balança de pagamentos”, salienta o gerente do Ibraf.

Em sua opinião, os dados da balança das frutas frescas continuam revelando um saldo negativo, “o que não pode, de forma alguma, ser considerado um resultado satisfatório para um setor que vem sendo estimulado para expandir suas vendas externas”.

De acordo com Fernandes, “o que promove a exportação não é nossa oferta, mas a demanda por elas”: “Vantagens cambiais podem nos ajudar a levarmos em conta as vendas externas atrativas, mas não quer dizer que vendemos nossas frutas por preços melhores. Na realidade, o que podemos concluir é que recebemos mais em reais, mas não conseguimos aproveitar ao máximo o que o fator câmbio nos proporcionou”.

Ainda conforme o gerente do Ibraf, “não podemos deixar de lado o fato de que, hoje, dependemos exageradamente dos mercados da UE (75,5% em volume), onde o mercado de frutas frescas, exceto algumas tropicais e exóticas, está superofertado e o consumo de frutas frescas está em declínio”.

“A busca de novos mercados é a estratégia a ser seguida, mas independentemente das demandas destes mercados de frutas frescas, existem inúmeras barreiras a serem derrubadas.”

 

Por equipe SNA/RJ

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