Queda da oferta de laranja derruba exportação de suco

A forte quebra da produção de laranja no cinturão formado por São Paulo e Minas Gerais na safra 2016/17, em razão de adversidades provocadas pelo fenômeno El Niño, fará com que os embarques brasileiros de suco fechem a temporada, no dia 30 de junho, abaixo de um milhão de toneladas pela primeira vez desde o ciclo 1991/92.

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/MDIC) compilados pela Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), que representa as três maiores empresas globais do segmento (Citrosuco, Cutrale e Louis Dreyfus), as vendas somaram 817.700 toneladas equivalentes ao produto concentrado e congelado (FCOJ, na sigla em inglês) nos primeiros 11 meses da safra (julho de 2016 a maio de 2017), e renderam quase US$ 1.5 bilhão.

Segundo Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR, a expectativa é que, com os embarques de junho, o total alcance cerca de 900 mil toneladas em 2016/17 – 16,7% menos que no ciclo passado (ver infográfico). Cálculos do Valor indicam que a receita poderá somar US$ 1.6 bilhão, uma queda de 8,3% em igual comparação e montante mais baixo desde 2009/10. Essa retração menor da receita pode ser explicada pelo aumento dos preços de exportação, motivado justamente pela redução da oferta brasileira.

 

 

Netto disse que, com a diminuição da oferta de laranja, a produção de suco das grandes indústrias ficou em 648 mil toneladas em 2016/17. Cerca de 95% desse volume foi direcionado ao mercado exterior, e o total que deverá ser alcançado (900 mil toneladas) só se tornou possível graças aos estoques, consumidos a tal ponto que chegarão ao fim do ciclo em um patamar historicamente baixo, 70 mil toneladas.

Mas, como a colheita de laranja em São Paulo e Minas Gerais deverá aumentar quase 50% na temporada 2017/18, para 364.5 milhões de caixas de 40,8 quilos, segundo previsão do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), os estoques e as exportações tendem a se recuperar no novo ciclo. O alcance da recuperação dos embarques, contudo, dependerá do comportamento da demanda global pela commodity que continua, de forma geral, deprimida.

Mesmo com a queda do volume total embarcado em 2016/17, houve surpresas positivas. E a principal delas, segundo Ibiapaba Netto, foi o crescimento das vendas de suco não concentrado (NFC), pronto para beber, em particular para os mercados dos EUA, onde a oferta local de suco está em baixa graças a problemas fitossanitários e à União Europeia.

Segundo os dados compilados pela CitrusBR, se os embarques de FCOJ recuaram 23,4% de julho de 2016 a maio de 2017 em relação ao período entre julho de 2015 e maio de 2016, para 596.800 toneladas, os de NFC aumentaram 4,5% na comparação, para 220.800 toneladas equivalentes ao FCOJ. O produto não concentrado tem um volume cerca de seis vezes maior que o concentrado e congelado. Para os EUA, o incremento foi de 11%, e para a UE, de 1,5%.

 

Fonte: Valor Econômico

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