Quanto trigo vai faltar no Brasil na temporada 2017/18?

O Rio Grande do Sul deverá colher cerca de 1.4 milhão de toneladas, das quais se estima que 35% (ou 490 mil toneladas) sejam de trigo forrageiro, restando apenas 910 mil toneladas para abastecer os moinhos do estado. Mesmo considerando os estoques finais da safra passada e a redução da moagem, a consultoria Trigo & Farinhas estima que faltarão pelo menos algo em torno de 600 mil toneladas para completar a necessidade de moagem do estado.

“O Paraná deverá viver drama parecido. A última estimativa sobre o potencial produtivo do Departamento de Economia Rural (Deral) é de 2.4 milhões de toneladas, para uma capacidade de moagem de 2.7 milhões de toneladas. Mas há que se considerar que sai muito trigo paranaense da região Norte para os Estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás, além de alguns embarques para o Nordeste, que deverão diminuir na próxima temporada, por falta de produto”, indica a T&F.

Segundo a consultoria, normalmente o Paraná importa algo em torno de 400 mil toneladas do Paraguai, mas, na próxima temporada, não deverá haver praticamente nenhuma disponibilidade para exportar. Como há grande concentração de moinhos no oeste do estado (a mais de 600 km do porto, inviabilizando as importações marítimas), os moinhos locais estão tentando a importação de trigo argentino pelo rio Paraná (já há um experimento de 1.500 toneladas).

Situação semelhante viverão os moinhos de Minas Gerais e Goiás, que estão muito longe dos portos e mesmo dos rios Paraná e Paraguai. Segundo a Trigo & Farinhas, muito provavelmente o trigo argentino deverá vir por via rodoviária. O custo do frete deverá ser parcialmente compensado pelo frete menor das farinhas para o consumo, já que MG é o segundo maior consumidor do país. Os moinhos do Nordeste continuarão na sua rotina de importações diretas e abundantes, uma vez que não deverá haver disponibilidade nos estados do Sul. A diferença é que deverão aumentar um pouco as compras dos EUA e do Canadá, para mescla.

A expectativa da consultoria é de um aumento de importação de trigo em grão para algo ao redor de 7.5 milhões de toneladas na temporada 2017/18 (contra 7.1 milhões de toneladas da Conab), dependendo da demanda que houver no Brasil: “Há alguma discussão sobre qual é exatamente esta demanda, uma vez que os moinhos (todos) juram de pés juntos que estão moendo menos (entre 20% e 40%), mas os órgãos responsáveis insistem em manter números ao redor de 11.2 milhões de toneladas”.

“Outro ponto importante é que deverá aumentar a importação de trigo americano, mesmo a preços maiores, para mesclar e melhorar a qualidade do trigo argentino, cuja qualidade média (FAQ) da safra 2016/17 não é a ideal, como mostramos ontem, quando registramos que mais de 80% da produção do país vizinho tem níveis de proteínas entre 9,0% e 11%, quando o ideal seria algo superior a 12,0%”, disse o analista júnior da T&F, Luiz Fernando Pacheco.

 

Fonte: Agrolink

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