Qual é o PIB do agronegócio? Qual a evolução da safra?

Por Mauro Zafalon

O PIB (Produto Interno Bruto) do agronegócio registrou um crescimento real de 24,30% no ano passado, em relação a 2019, segundo a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), com base em dados do CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) divulgados nesta quinta-feira.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) acabou de divulgar, no entanto, que a evolução tinha sido de 2% no mesmo período.

A safra nacional de grãos volta a subir e deverá atingir o patamar recorde de 272 milhões de toneladas, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

Para o IBGE, no entanto, a produção será 9 milhões de toneladas a menos, ficando, embora ainda recorde, em 263 milhões de toneladas.

Os dados do IBGE e da CNA de PIB podem confundir, mas não são comparáveis. O órgão do governo acompanha a produção dentro da porteira. Considera apenas o volume conseguido pelos produtores no período.

Já os dados da CNA, segundo pesquisa feita pelo CEPEA, englobam todo o agronegócio. Além da produção de dentro da porteira e dos preços das mercadorias, incluem insumos, agroindústria e agrosserviço.

Apesar da grande diferença dos números, quando isolados e seguidos os mesmos padrões, eles se aproximam. Se o CEPEA tivesse adotado apenas o critério do IBGE, o de volume produzido, teria chegado a uma variação da taxa de crescimento do PIB de 2,20% em 2020, semelhante à do instituto.

Os dados do CEPEA, além de considerar os números da Conab para a safra, foi incrementado, ainda, pelos preços recordes praticados no país no ano passado.

São Paulo

O Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) também divulgou as estatísticas do Estado de São Paulo nesta quinta-feira. A agropecuária, ou seja, as atividades dentro da porteira, indicaram recuo de 1,70% no período.

Quando considerado o agronegócio como um todo, contudo, o setor ajudou a sustentar a taxa positiva de 0,40% registrada pelo PIB paulista em 2020. A indústria de alimentos cresceu 8,40%, dando sustentação ao PIB geral.

Divergências

A disparidade na safra de grãos está basicamente nas produtividades previstas. Soja e milho representam 80% da safra brasileira, e qualquer divergência nesses produtos gera um desencontro dos números.

A área de soja, por exemplo, é praticamente a mesma para IBGE e Conab. Ambos preveem uma média de 38.3 milhões de hectares. A Conab espera, no entanto, uma produtividade de 97 quilos a mais por hectare do que o IBGE. Isso gera uma diferença de 5 milhões de toneladas, com a Conab prevendo produção de 135 milhões de toneladas neste ano, acima da do IBGE.

No caso do milho, a diferença de área é de 600.000 hectares a favor da Conab, que estima 19.5 milhões de hectares e uma produtividade de 60 quilos a mais por hectare. Com isso, a produção esperada do cereal pelo IBGE fica em 103.5 milhões de toneladas, 5 milhões de toneladas a menos do que a da Conab.

Pela importância que tem na produção nacional, esses dois produtos podem dar um desequilíbrio nos números finais de estimativas. É o que ocorre. A Conab espera uma evolução de 15 milhões de toneladas na produção total deste ano, em relação a 2020, enquanto o IBGE estima 9 milhões de toneladas.

 

Fonte: Folha de S. Paulo

Equipe SNA

 

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