Primeiro produtor mundial de citros e maior exportador de suco de laranja doce, o Brasil passa por um momento de otimização da produção, através do aumento do investimento em mecanização, como avalia o pesquisador da Embrapa Walter dos Santos Soares Filho.
“Caminhamos cada vez mais para a modernização da citricultura. Isso equivale a uma economia da área plantada e a uma diminuição nos insumos. O país melhorou e as pessoas buscam novas oportunidades. Muitas não querem continuar trabalhando na colheita e preferem conseguir empregos nos grandes centros urbanos. Essa evasão da mão de obra do campo impulsionou o processo de mecanizacão da atividade”, observa.
Soares Filho é um dos autores do livro “Cultura dos Citros”, que teve seu primeiro volume lançado pela Embrapa Mandioca e Fruticultura e Embrapa Informação Tecnológica. Na publicação, 21 pesquisadores abordam temas que vão desde a origem, classificação botânica e distribuição geográfica dos citros até características da produção e do mercado.
“Esse primeiro volume é mais técnico. Existem dois capítulos mais voltados para o produtor em geral, que falam sobre variedade e propagação. Mas tanto o público especializado, particularmente técnicos de diversos níveis e citricultores, como leigos vão ter uma melhor noção de vários aspectos importantes para a cultura dos citros, através de informações relacionadas a estudos envolvendo sua fisiologia, citogenética e cultura de tecidos”, afirma o autor, também editor técnico do livro ao lado de Almir Pinto da Cunha Sobrinho, Antônia Fonseca de Jesus Magalhães, Antônio da Silva Souza e Orlando Sampaio Passos.
Um dos destaques da publicação, diz Soares Filho, é a abordagem de experiências relacionadas aos trópicos. “A maioria das informações disponíveis para a cultura resulta de estudos em regiões subtropicais ou de clima temperado, como nos Estados Unidos e na Europa.”
O livro tem estampada na capa a laranjeira “Bahia”, mutação natural da “Seleta”, originária do bairro do Cabula, em Salvador (BA). A intenção é prestar uma homenagem àquela que é considerada responsável pelo desenvolvimento da citricultura nos cinco continentes.
“Essa ideia foi do Orlando Sampaio Passos, que acaba de completar 78 anos, um arquivo vivo da citricultura brasileira e mundial. Queríamos passar esse conhecimento e falar sobre a importância da laranja de mesa nos mais diversos países. Nos Estados Unidos, mais precisamente na Califórnia, por exemplo, esse tipo de fruta rendeu mais dinheiro para a sua economia do que o ouro”, explica o pesquisador.
O segundo volume já está em processo de elaboração e vai apresentar assuntos de natureza prática, como planejamento do pomar, manejo de solos e de pragas, nutrição, adubação, irrigação, indexação de doenças em mudas e produção integrada. “A grande novidade desta segunda parte é o enfoque na citricultura tropical litorânea, em que revelaremos detalhes sobre manejo do solo, por exemplo”, diz Walter.
O volume I está à venda na Livraria Embrapa (www.embrapa.br/livraria) por R$ 56.
Por Equipe SNA/RJ
